sexta-feira, abril 15, 2016

RECORDAR É VIVER: O CASO DA ENTREVISTA COM MANUEL DE ARAÚJO

Numa entrevista com Manuel de Araújo em 2009 ao Canal de Moçambique e conduzida por Borges Nhamirre:

Canal de Moçambique:
Em relação a função fiscalizadora, sente que os deputados da Frelimo, bancada do partido governamental, possuem liberdade suficiente para fiscalizarem o governo?

Manuel de Araújo: Não. Nem na função fiscalizadora e muito menos nas funções representativas e legislativas. No momento de tomada de decisão, o estômago e não a consciência do deputado, fala mais alto! Os deputados do partido no poder ainda não vivem o advento da democracia, eles funcionam na base do centralismo democrático da era do mono-partidarismo! Poucas não foram as vezes em que meus colegas da bancada maioritária tiveram que me passardossiers e até perguntas, porque eles não podiam apresenta-las! Modestamente falando, acho que ajudei a libertar-los do jugo centralista! A única excepção naquela bancada era o deputado Frangoulis, que por sinal não passou nas recentes eleições internas. Já se ve para onde vamos na próxima legislatura; uma bancada super submissa, igual a da Assembleia Popular!

.... Em termos de fiscalização, apesar de no fim do dia a bancada maioritaria apoiar sempre o executivo, no multipartidarismo os deputados da oposição têm a possibilidade de fiscalizarem o executivo...  Enquanto melhora a capacidade de fiscalização da oposição dentro do parlamento, há outros fenómenos que enfraquecem essa melhoria... Infelizmente, o papel de fiscalização do nosso executivo foi sorateira e paulatinamente retirado da AR. Hoje quem fiscaliza o executivo não é a AR, mas sim os doadores! É ai onde tenho dito que os doadores estão a matar a democracia em Moçambique. FIM DE CITAÇÃO

Nota de reflexão: Estão a ver que enquanto a Assembleia da República não sabe nada do negócio de EMATUM e quer saber sobre ele, o Executivo foi ao Fundo Monitário Internacional, aos Estados Unidos, para se explicar sobre ele e até o ministro Maleiane diz ao LUSA:
"Sempre quando a gente está cá nos Estados Unidos aproveita para fazer um pouco de limpeza e, naturalmente, nesse ponto [do caso Ematum] era preciso clarificar porque as pessoas também andavam a perguntar. Tínhamos de informar. Era importante ter essa clareza",

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