Depois de a bomba ter rebentado
numa altura em que as contas públicas nacionais estão literalmente vazias, o
governo moçambicano continua em demarches de tentar retratar-se junto dos
principais parceiros e credores internacionais. É tanta coisa junta ao mesmo
tempo que, ao que tudo indica, está a ser difícil esclarecer àqueles que têm a
faca e o queijo na mão. Primeiro foi Malaeiane que simplesmente não conseguiu
convencer os peritos económicos do FMI sobre as supostas “confusões” que
existem nos números da dívida. É que o FMI chegou mesmo à conclusão de que,
efectivamente, as autoridades moçambicanas, não se sabe por que razões,
esconderam uma série de empréstimos feitos à velocidade cruzeiro quase no mesmo
período e estranhamente para o mesmo fim. No total, fala-se de acima de 1
bilião de dólares em empréstimos escondidos ao FMI, entidade que assume
igualmente o papel de conselheiro económico do governo moçambicano.
Nisto, o Primeiro-Ministro,
Carlos Agostinho do Rosário, manteve conversações, esta quarta-feira, em
Washington, com a Directora Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI),
Christine Lagarde. Uma nota de imprensa do gabinete do PM fala de um ambiente
de “cordialidade e abertura”, mas, dúvidas não podem existir sobre a alta
tensão que caracteriza as relações entre o governo de Maputo e os credores.
Estão ainda agendados encontros
com o Departamento de Estado norte-americano, com o Banco Mundial, com o Grupo
de Embaixadores da SADC bem como com representantes da Comunidade Moçambicana
residente em Washington. (GPM)
O Presidente da República, Filipe
Nyusi, também continua em Bruxelas quase com a mesma missão. Cerca de USD 1.8
mil milhões garantidas pelo Estado.
Contando com os cerca de 700 milhões
em títulos de dívida soberana que substituíram as obrigações da Empresa
Moçambicana de Atum (Ematum), com os 622 milhões de dólares empréstimo à
Proindicus e com pelo menos 500 milhões de dólares para esta empresa pública
não nomeada, o valor da dívida garantida pelo Estado ascende a mais de 1,8 mil
milhões de dólares.
Assim, só estes três
financiamentos representam quase 10% do Produto Interno Bruto de Moçambique,
que actualmente ronda os 15 mil milhões de dólares.
De acordo com a análise do Fundo
Monetário Internacional, a dívida pública de Moçambique passou de 39,9% do PIB,
em 2012, para 50,9% no ano seguinte, aumentando depois para 56,6% em 2014 e
73,6% em 2015, só descendo ligeiramente para 69,5%, este ano, mas estes valores
estão agora colocados em causa com as notícias sobre os empréstimos não
declarados.(Redacção)
Fonte: Mediafax – 22.04.2016
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