segunda-feira, abril 28, 2014

DIÁLOGO POLÍTICO/PREVALECE IMPASSE SOBRE OS TERMOS DE REFERÊNCIA

As delegações do governo e da Renamo, o maior partido da oposição, voltaram a não alcançar consensos no tocante a função dos observadores internacionais que deverão fiscalizar a cessação das hostilidades em Moçambique.

As últimas rondas do diálogo têm sido infrutíferas pelo facto do governo entender que os observadores internacionais, para além de fiscalizar a cessação das hostilidades, devem assistir a desmobilização da Renamo.


Enquanto isso, a Renamo defende que só se vai desmobilizar em caso do governo aceitar o princípio de paridade nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), Polícia moçambicana (PRM), e na Polícia de Altas Individualidades. 

Na ronda de hoje, de acordo com o chefe da delegação do governo e ministro da Agricultura, José Pacheco, os observadores nacionais fizeram uma formulação que refere, de entre vários assuntos, que as partes devem confiar nos observadores internacionais para a cessação das hostilidades, desmobilização e reinserção dos homens armados da Renamo. 

O ministro da Agricultura disse que a proposta apresentada pelos observadores nacionais constitui uma ‘boa base’ para o trabalho, pois traz a vontade das partes numa plataforma única.

“Nesse quadro, nós acabamos até prescindindo aquilo que era a nossa formulação, em sede do diálogo, e propusemos que adoptássemos aquilo que os observadores nacionais avançaram como base de trabalho, porque estão lá reflectidos os nossos interesses (governo) e os da Renamo. Mas a Renamo, pura e simplesmente, volta a trazer a questão da paridade nas FDS”, disse Pacheco.

Segundo Pacheco, isso demonstra que se está perante um partido que não está disposto a se desmilitarizar e a integrar os seus homens nas FDS e PRM.

Por seu turno, o chefe da delegação e deputado da Renamo, Saimone Macuiane, disse faltar vontade do Governo em se encerrar este assunto. 

“Como sabem, na última sexta-feira não houve diálogo e, mais uma vez, o governo pediu que não trabalhássemos próxima quarta e sexta feiras. Passaremos a reunir apenas as segundas, isso demonstra falta de vontade,” acusou Macuiane.

Quanto a proposta feita pelos observadores nacionais, a fonte disse que a Renamo propôs alguns pontos, como o da retirada das FDS e dos homens armados da Renamo das zonas de conflito. 

“No nosso entendimento, não estaremos a resolver o fim das hostilidades se o governo continuar a posicionar-se na zona de conflito. Uma vez cessadas as hostilidades, é fundamental que as forças, tanto da Renamo como do governo, se retirem para garantir que aquela zona esteja livre”, indicou Saimone Macuiane.


Fonte: AIM - 28.04.2014

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