O recenseamento eleitoral de Afonso Dhlakama, líder da Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, continua "refém das questões militares", podendo inscrever-se até segunda-feira, disse hoje fonte da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Em declarações aos jornalistas, António Brás, vice-presidente da CNE, disse hoje na Gorongosa, centro de Moçambique, que faltam pequenos acertos militares, para que o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) se possa recensear e concorra às eleições gerais (presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais, marcadas para 15 de Outubro.
"São questões muito técnicas do âmbito militar", precisou António Brás, sublinhando que está a ser feita uma concertação entre as autoridades militares das duas partes, Governo e Renamo, para as brigadas arrancarem com inscrição na zona de conflito.
Oito brigadas de recenseamento do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) continuam retidas na vila da Gorongosa devido a ataques na região.
"Até segunda-feira o mais tardar, as oito brigadas entram no terreno", garantiu António Brás, também antigo chefe do posto administrativo de Vunduzi, escolhido pela Renamo.
Cerca de 16 mil eleitores, um terço do distrito, estão por recensear nas regiões de Nhataca, Mucodza, Vunduzi, Chionde, Casa Banana, Mussicadzi, Piro e Domba, um dos postos administrativos que perfaz o maior círculo eleitoral de Gorongosa, largamente atingido pela tensão político-militar.
"A nossa maior preocupação agora é recensear a população da Gorongosa, que está neste momento sem se inscrever, incluindo o líder da Renamo, a sua guarda e elementos do exército", explicou António Bras, sem abordar a segurança das brigadas.
Respondendo a pergunta da Lusa, sobre o período do funcionamento das brigadas, por se prever arrancar na data do fim do processo, a 29 de Abril, António Brás, respondeu: "Não estamos satisfeitos em saber que as brigadas não funcionaram. Se vão trabalhar um dia, uma hora, ou dois dias cabem a CNE decidir sobre o aspecto".
Uma trégua, que resulta do consenso alcançado entre o Governo e a Renamo, deverá garantir o arranque do processo nas zonas de conflito nos próximos dias - a segurança das brigadas estarão a cargo do partido - que permitiria o reaparecimento e recenseamento do seu líder, Afonso Dhlakama, desalojado pelo exército da sua base de Sadjundjira e em lugar desconhecido há seis meses.
Fonte: LUSA - 26.04.2014
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