Fernando Matouassanga, deputado e membro do Conselho
Nacional da Renamo, convocou, esta quarta-feira, uma conferência de imprensa
para denunciar a paralisação do recenseamento nas regiões sob forte influência
do seu partido e de outras irregularidades constatadas pelos cinco deputados
que integravam algumas brigadas que visitaram os distritos. A Renamo considera
tratar-se de uma situação planificada e por isso insiste na necessidade de
prorrogação do período de recenseamento.
Ele disse que o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) terá recebido instruções, por parte do governo da Frelimo, para sabotar o recenseamento nas zonas de maior influência da Renamo.
A denúncia foi feita por Matouassanga depois de uma visita de 15 dias, realizada a província de Nampula por deputados da Assembleia da República, no âmbito do acompanhamento do processo de recenseamento eleitoral.
Aquele parlamentar citou, à título de exemplo, as zonas de Jabir, no distrito de Meconta; Grácio, Tinua e Namahia (Muecate); Tapuane (Nacarôa); e Tutua e Cavira (Monapo) que outrora serviam de bases da Renamo e cujo processo de recenseamento se encontra paralisado, alegadamente, por falta de materiais e de energia eléctrica.
De acordo com Fernando Matouassanga, muitos supervisores
abandonaram os postos de recenseamento, com casos mais gritantes nos distritos
de Moma, Mossuril, Monapo, Eráti e Malema.
Em Nampula, os responsáveis do STAE não confiram a
paralisação do recenseamento em qualquer ponto daquela província, mas
reconhecem existência de problemas, derivados sobretudo das avarias
sistemáticas dos equipamentos informáticos, fraca capacidade de abastecimento
do combustível, entre outras irregularidades.
Aliás, o Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza apelou esta semana, em Nampula, aos órgãos eleitorais, no sentido de acelerarem a recuperação de todas as máquinas inoperacionais. “O nosso Governo gastou muito para que este trabalho fosse feito. Sabemos que o secretariado técnico eleitoral trabalhou para organizar todo o processo, mas, infelizmente, algumas máquinas insistem em não funcionar. Este problema deve ser resolvido, as máquinas foram pagas e têm de funcionar,” observou Guebuza, durante um comício popular realizado na terça-feira no bairro de Namicopo, arredores da cidade de Nampula.
Questionado sobre a possibilidade de prorrogação do
período de recenseamento, o Director -Geral do STAE, Felisberto Naife, afirmou
nesta quinta-feira, que a Renamo ainda não remeteu nenhuma solicitação nesse
sentido e mesmo que o faça será de difícil enquadramento, porque pode
comprometer as etapas subsequentes do calendário eleitoral.
COMENTÁRIO: Não há indicação de que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, tenha-se recenseado, o que deve fazer, se quiser concorrer à Presidência. A Renamo também pode estar a solicitar uma extensão do período do recenseamento para dar mais tempo para que ele possa obter o cartão de seu eleitor. Jh
Boletim sobre o processo político em Moçambique Número EN 14 - 20 de abril de 2014
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