Por Marques Malua
1. Quando, através de esquemas de corrupção, ganhas um concurso de empreitada de obras públicas e dás 30% do orçamento dessa obra aos funcionários e agentes do Estado que lhe facilitaram a adjudicação, 20% ao fiscal, metes 30% na tua conta bancária pessoal e usas apenas 20% para construir uma infra-estrutura pública mal feita, estás “a tramar” a ti mesmo porque:
a) Se for para construíres uma escola sem qualidade nenhuma, ela corre o risco de ruir por cima do seu filho ou parente. E caindo, algum primo ou familiar teu não terá escola para estudar. Fica sabendo que por mais rico que sejas, não vais educar todos os teus filhos e parentes dentro do seu quintal luxuoso.
b) Se for para construíres um hospital ou posto médico rafeiro, ele pode desabar sobre alguém da sua família directa ou indirecta ou pode priva-los de serviços de saúde. Sem hospital, algum membro da sua família um dia precisará de assistência médica nessa zona e não encontrará. Por mais que sejas rico à custa da corrupção, nunca serás capaz de tratar toda a tua família no estrangeiro.
c) Se “despachares” uma ponte, estás a construir uma armadilha para ti mesmo porque com esses four by fours que comprares com os 30%, mais tarde ou mais cedo, vais cair e acabares esmagado debaixo dessa ponte que tiveres despachado com os 20%. Por mais que sejas folgado, não será possível construíres estradas e pontes exclusivos só para ti.
d) Etc. e por ai em diante.
2. Quando estás a fornecer papel, caneta, tinta para impressora, computadores, cafés, chás, cadeiras, mesas, carteiras escolares, quadros, veículos automóveis, serviços de limpeza e todo o material de escritório a uma instituição do Estado e inflaccionas (aumentas) os preços de uma forma arbitrárias e dás 10-20% aos agentes e funcionários de Estado que lhe facilitaram o negócio, estás a roubar a ti mesmo. O Estado tira esse dinheiro dos impostos que cobra a ti. Pensas que o Estado vai buscar onde o dinheiro para comprar-te a mercadoria? De ti e dos rendimentos do teu negócio. No fim, estás a lixar a economia do teu País.
3. E quando o agente e funcionário de Estado ganha dinheiro a custa destes esquemas de corrupção, está a ajudar a afundar-se a si mesmo. Com esse dinheiro pode construir mansões e comprar Ferrari. Mas ainda vive aqui em Moçambique. Ainda usa as mesmas estradas. Ainda frequenta as mesmas escolas e hospitais que ajuda a destruir. Ainda precisa deste País que sabota.
4. Em suma, quando entras em esquemas e boladas de roubalheira dos recursos do Estado, seja lá qual for a forma como participas nela, estás a dar um tiro no teu próprio pé.
In Diálogo sobre Mocambique - 06.02.2014
1 comentário:
Sim eu sei muito bem disso, que meto dinheiro no meu bolso e na minha conta, mas eu quero ser rico, muito rico
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