Um jornal publicou esta terça-feira o nome de 200 pessoas acusadas de serem homossexuais no Uganda, um dia depois que o presidente chamou os gays de "mercenários" e assinou uma rígida lei contra a homossexualidade.
"Descobertos!" é a manchete do jornal sensacionalista Red Pepper, que publica a foto dos supostos gays e respectivas acções homossexuais.
O presidente do Uganda, Yoweri Museveni, promulgou na segunda-feira uma lei que transforma a homossexualidade num crime que pode ser punido com prisão perpétua, ignorando completamente as críticas e pressões ocidentais.
O Parlamento ugandense já havia aprovado no dia 20 de Dezembro de 2013 por ampla maioria uma lei que aumenta consideravelmente a repressão contra os homossexuais e que prevê a prisão perpétua para reincidentes, considerados culpados de "homossexualidade agravada".
Segundos os termos da lei, passa a ser proibido qualquer "promoção" da homossexualidade e obrigatório a denúncia de qualquer pessoa que se identifique como homossexual.
Os defensores dos direitos humanos e os governos ocidentais, em especial os Estados Unidos, criticaram duramente a lei, apesar de os trechos mais polémicos da lei, que previam a pena de morte em caso de reincidência, relações com menores ou para as pessoas com SIDA, finalmente serem abandonados.
O presidente americano Barack Obama chamou de "passo atrás" a lei, cuja aprovação "complicaria" a relação entre o Uganda e Washington.
Apesar das advertências, o presidente ugandês assegurou que não se deixará impressionar.
"Os estrangeiros não podem dar-nos ordens. Impor valores sociais de um grupo a nossa sociedade é um imperialismo social", insistiu Museveni, cujo governo já vem a sofrer críticas pela sua corrupção endémica.
Ele acusou uma parte dos homossexuais de ter feito essa opção sexual "por razões mercenárias", enquanto os outros se tornaram assim por uma "mistura inata - de elementos genéticos - e adquiridos".
Os homossexuais são alvos frequentes de perseguições e agressões, e mesmo de assassinato no Uganda, país homofóbico e amplamente influenciado pela Igrejas evangélicas.
Em 2011, David Kato, símbolo da luta pelos direitos dos homossexuais no Uganda, foi morto na sua casa, três meses após o seu nome ser divulgado numa revista junto a outros sob o título "Prendam-nos".
Fonte: AFP in LUSA - 25.02.2014
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