Ambiente tenso em Quelimane
Outra vez ambiente tenso no Município de Quelimane, por sinal, a ser governado pela oposição, neste caso pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), que venceu as eleições do ano passado através do seu candidato, Manuel de Araújo.
O presidente do Conselho Municipal de Quelimane não se entende com o Representante do Estado na Autarquia de Quelimane, Silvério dos Anjos já há muito tempo, apesar de ambos serem chuabos.
Estas “clivagens” não são de hoje, vem se arrastando há bastante tempo e nos últimos dias, o ambiente entre ambos tem sido azedo.
Araújo foi eleito nas eleições intercalares do ano passado tendo deixado atrás o candidato da Frelimo atrás da corrida, motivo tido como sendo preocupante para as hostes de quem antes tinha o poder. Sabe-se que esta função de representação do Estado nas autarquias foi instituída sem razões claras, dai que em Quelimane as coisas já estão a pegar “fogo”entre Araújo e Silvério dos Anjos.
Num passado não muito distante, reportamos neste jornal que Silvério dos Anjos fez um complô com o então director da Educação na Zambézia, José Luís Pereira, naquela reunião havida na escola Secundária de Quelimane, onde este primeiro mandou vários recados ao edil de Quelimane.
Ambiente mais azedo
Quando se pensava que com a saída de Itai Meque, então governador da Zambézia, as coisas iriam amainar ou voltar-se a um ambiente são e de boa convivência política saudável, eis que tudo ficou mais tenso.
Há menos de duas semanas, o edil de Quelimane, Manuel de Araújo em companhia com alguns quadros seniores da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) trouxeram a cidade de Quelimane dois investidores, sendo uma francesa e um britânico num voo particular.
A missão destes investidores encaminhados para Quelimane através da ENH era simples.
Procurar em Quelimane junto do Conselho Municipal um espaço onde se poderia construir uma fábrica de peças para máquinas usadas nas pesquisas de hidrocarbonetos.
A missão percorreu os cinco bairros de Quelimane e no fim, havia interesse de visitar a escola ou instituto Industrial e Comercial 1º de Maio, localizado na cidade de Quelimane.
O Conselho Municipal de Quelimane na pessoa do seu presidente diz que foram encetados contactos junto a direcção provincial de Educação e Cultura, onde o próprio director, Lemos Aranica, disse que não havia inconveniência nenhuma para se visitar aquela escola técnica.
Só que chegados a escola, o director da mesma disse que teria recebido ordens do representante do Estado na Autarquia de Quelimane para que não recebesse a visita. Uma situação que deixou de boca aberta aos visitantes, mas nada podiam fazer se não regressar.
Resultado, os investidores regressam a proveniência sem ter visitado a escola Industrial, tudo por causa da ordem emanada pelo Representante do Estado.
“São estes que não querem o desenvolvimento de Quelimane”
Esta quinta-feira, houve uma sessão extraordinária da Assembleia Municipal que visava apenas analisar e votar o orçamento rectificativo submetido pelo Conselho Municipal desta cidade.
E foi nesta sessão que o Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, deu a conhecer aos membros da AMQ este triste episódio que aconteceu recentemente. A sala ficou gelada e ouviam-se murmúrios e vozes vindas da bancada da Renamo que diziam por vezes “são estes mesmos, ambavas (ladrões), querem ver a cidade enterrada, etc…”-diziam alguns membros da Renamo que vezes sem conta apontavam os seus colegas do outro lado, neste caso a Frelimo como sendo os verdadeiros inviabilizadores do desenvolvimento da cidade de Quelimane.
Quando se pensava que o assunto iria parar por aqui, eis que a vice-presidente da Assembleia, Elsa Lampeão, chama ao pódio o Representante do Estado, Silvério dos Anjos para tecer alguns comentários sobre a sessão, querendo. Nem mais, Silvério não perdeu tempo, já que havia sido “maltratado” linguisticamente pelo edil, então também aproveitou a ocasião para se “vingar” e mostrar que tem poderes na cidade.
Na sua locução, Dos Anjos pediu calma primeiro, mas ao longo do discurso improvisado, aumentou de tom, tendo dito por diversas vezes que o edil deve saber onde terminam as suas balizas, porque segundo disse esta quinta-feira, os serviços de Educação e Saúde básicos, ainda não foram entregues a município dai que “este senhor não tem autonomia de visitar escolas quando quer e quando deve sem antes respeitar as leis”- disse Dos Anjos, perante uma ovação dos membros da Frelimo.
Mais adiante, e cingindo-se a este caso da visita Silvério dos Anjos disse que ouviu que há uma avioneta no aeroporto onde o edil veio e estava com uns brancos que queriam visitar escola, dai que não entendendo as reais motivações, terá mesmo informado a direcção da escola industrial para não receber a visita, porque esta não teria se apresentado no gabinete dele. Foi um debate acesso, onde por um pouco não faltaram nomes “sujos”,mas pelo tom que saia, tudo indicava que as coisas estavam mesmo quentes.
Com este cenário assistido esta quinta-feira, tudo indica que Araújo e Dos Anjos estão longe de se entenderem e certamente que haverá muita coisa para escrever e ainda bem que um é académico e outro é militar.
Fonte: DIÁRIO DA ZAMBÉZIA in Macua de Mocambique – 09.11.2012
1 comentário:
Nguiliche
E alguém vai dizer que a Frelimo sabe ser oposiçao!
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