Um empresário chinês cuja identidade não conseguimos apurar, interessado em implantar diversas infra-estruturas sócio económicas na cidade de Nacala-Porto, está a indemnizar às famílias que possuem túmulos dos seus entes queridos em três cemitérios familiares localizadas na zona de triângulo.
Segundo soube o O nacalense, o espaço destina-se à construção de armazéns, indústrias processadoras entre outras . O processo de indemnizações está a ser levado a cabo entre o empresário e o Secretário do Bairro, Líder Zeca.
Este último não quis prestar quaisquer comentários à nossa reportagem, alegando que a imprensa poderia perturbar o processo.
Ficamos a saber que para cada campa, o empresário paga o valor monetário de mil e quinhentos meticais, 10 quilograma de arroz e 5 litros de Óleo alimentar. Estão afectados neste processo, pelo menos 450 famílias, e igual número de campas.
Até ao fecho desta edição parte considerável das famílias já haviam recebido as indemnizações devidas, mas uma parte continuava renitente em recebe-las, uma vez que para além do dinheiro e os produtos exigiam a transferência dos túmulos para outros locais e a realização da respectiva cerimónia tradicional.
“ Temos que respeitar os nossos entes queridos. Não é por mil e quinhentos meticais e um pouco de arroz que devemos trocar as campas e os espíritos dos nossos avós e pais”, disse no local uma das pessoas que se recusa a aceitar a proposta do empresário chinês.
Entretanto alguns membros de famílias que aceitaram receber os valores ouvidas pela nossa reportagem, disseram que receberam os valores porque “não tínhamos uma outra alternativa se não aceitarmos o dinheiro e aos produtos”, alegadamente porque situações do género não só acontecem em Nacala, mas também em todas as cidades desenvolvidas.
“Gostaríamos que as campas fossem transferidas para outro local, mas fazer o quê? Sabemos que estou a desrespeitar a nossa tradição,” disseram alguns familiares.
Recorde-se que este caso não é novo. Num passado muito recente os nacalense assistiram à edificação de fábricas e outros empreendimentos de vulto por cima em túmulos. Algumas famílias chegaram mesmo a aproveitar-se da onda de investimentos para simular a existência de túmulos falsos em áreas estratégicas, tudo para obter uma indemnização.
Fonte: O NACALENSE in Macua de Mocambique – 28.11.2012
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