Já não é segredo ao nível da cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, ouvir-se que o director dos Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologias, nesta mesma cidade, Eugénio Mussa Gocinho, foi detido por mais de três horas nas celas da 1ª Esquadra do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique.
A detenção de Gocinho, mais conhecido por Geninho, aconteceu, esta terça-feira, quando familiares de uma rapariga de aproximadamente 19 anos, estudante do Instituto Industrial e Comercial 1º de Maio e que por motivos de ética não poderemos aqui referir o seu nome, mas que o temos, foi a 2ª Esquadra, localizada no bairro da Sagrada família, denunciar este acto macabro do dirigente da educação.
Como tudo começou?
Fontes do Diário da Zambézia que logo a prior informaram o sucedido e secundados pela PRM, disseram que, tudo começou e aconteceu no último domingo, quando Geninho, deu boleia na sua viatura à referida menina que ia rezar numa das igrejas da sua religião.
Como a boleia não fosse estranha, já que Geninho era amigo da família e sempre frequentou a casa onde a menina mora, ela aceitou. E no meio do caminho, o director coloca um valor de 2.000 meticais na bíblia que a menina levava consigo.
Não tendo se apercebido, conforme contam as nossas fontes, incluindo a polícia (que já abriu auto nr 101/2011), a menina foi a igreja, mas de regresso, uma das suas amigas, pediu a bíblia para ler alguns versículos. Já na hora de entrega, a proprietária nota que tem um valor, logo procura saber da sua amiga de quem era o referido valor.
Espantada, a amiga disse que não sabia da proveniência do referido valor. Deus ou diabo estava a entrar no telemóvel da miúda, uma chamada do director Geninho, perguntando se havia visto o valor que deixou naquela manhã quando deu boleia. A resposta foi de que sim, viu o valor.
Ao que tudo indica, sem ainda que as fontes, sobretudo policiais, tenham revelado se havia acordo entre ambos, eis que Geninho marcou um encontro para que a miúda fosse no local que só dois o conhecem. Sim, chegados ao local e como dizíamos nas linhas anteriores, combinou ou não, houve actos sexuais.
E então como é que o assunto saiu para fora?
Saiu para fora porque conforme o porta-voz da PRM na Zambézia, Ernesto Serrote, falando aos órgãos de comunicação Social, esta quarta-feira, é que o Geninho forçou a menina da escola Industrial a praticar sexo oral. Foi dai que a discussão entre ambos começou até que a miúda decidiu abandonar o local e de seguida avisou ao Geninho que o caso não iria ficar entre ambos, mas sim, os familiares tomariam conhecimento deste acto não combinado. Ai começou então a poeira.
Só que conforme Serrote, o director dos Serviços Distritais de Educação Juventude e Tecnologia de Quelimane, terá dito a rapariga que mesmo que esta fosse dizer o que teria acontecido aos seus familiares, isto não teria impacto, porque a tia da referida miúda é subordinada dele, neste caso do Geninho, já que ele é boss da Educação na cidade de Quelimane.
De facto, o caso chegou aos familiares que trataram logo em comunicar a esquadra mais próxima, neste caso a 2ª, já que quer o próprio acusado assim como a família da violada vivem na mesma zona.
Geninho detido
Quando a esquadra foi comunicada, a 2ª neste caso, transferiu logo para 1ª já que Geninho tem escritórios na zona sob jurisdição da 1ª Esquadra, eis que logo a Policia tratou de o conduzir às celas, onde permaneceu mais de 2 horas, privado da sua liberdade. Enquanto Geninho estava nas celas, polícia já tramitava o expediente para o Ministério Público, para os devidos seguimentos legais.
Solto por ordens superiores
Mais uma vez provou-se aqui que os mais pequenos é que ficam anos nas cadeias deste país. Porque conforme explicou o porta-voz da PRM na Zambézia, Geninho ficou detido, mas que depois, houve ordens superiores (de quem não revelou), mandando soltar, alegando que ele era uma pessoa conhecida e não havia necessidade de o deixar nas celas. Foram cumpridas as ordens superiores e a polícia soltou o director que até agora está fora.
E o que diz o acusado?
Até agora nada. Um grupo de jornalistas fez tudo para ouvir a versão do visado, mas foi em vão. Quando se dirigiram ao seu posto de trabalho, por volta das 10horas desta quarta-feira, os funcionários disseram que o seu chefe estava na praça dos heróis, nas comemorações do dia da criança.
Os jornalistas foram a praça, não havia Geninho em nenhum canto. Os seus números de telefones, estes, andavam fora da área e não era fácil contactá-lo. Mais tarde, por volta das 13horas e 18 minutos, entra uma mensagem no telefone de alguns repórteres, por sinal aqueles que o procuravam para ouvir a versão dele e que passamos a transcrever na integra:
“Câmeras porquê? Vida Social, assunto pessoal e de fim-de-semana, nada tem haver com serviço. Até mentem que fiquei detido, porquê isto tudo? Uma coisa é minha social outra é vida profissional. Acho que já esclareci” - Fim de citação.
Posto isto, nada mais fizemos, se não trazer estes factos aqui arrolados. Agora resta saber como é que este caso vai ser tratado pelas autoridades já que é figura pública, membro do partido Frelimo e por ai fora.
A cidade já fala
Como é característico na cidade de Quelimane, o assunto já está a ser conversa de café. Os seus colegas, neste caso alguns professores que o conhecem com detalhes até dizem que não é novidade, pena é que os outros casos não chegaram a justiça.
Em qualquer esquina fala-se disso até nas redes sociais como é o caso do famoso Facebook, pessoas já comentam sobre este caso e dizem que são actos nojentos que não dignificam a qualquer pessoa.
Fonte: Diário da Zambézia in @Verdade - 02.06.2011
Reflectindo: algumas questões: a) não se trata de violação sexual, ainda que a denúncia é da vítima e sua família? b) o director não se lembrou que aquele acto não tinha nada a ver com a sua vida profissional quando ameaçou a sua vítima pelo poder que tinha sobre a sua tia? c) a suposta atitude dos superiores não é ilegal?
3 comentários:
Concordo plenamente com os 3 pontos que colocaste. Podemos comparar com o caso Dominique Khan.
Não temos aqui uma prova que o se Dominique Khan fizesse aquilo no Hotel Polana em Maputo, não teria sido problema?
Atendendo que há gente aqui na blogsfera que se interessa de assuntos semelhantes, mas sem nomes e nem sinais de ser violação sexual, seria bom ouvir da opinião deles e a recomendação tanto às estruturas governamentais como partidárias na Zambézia para tomar medidas ao Geninho e aos que interferem nos assuntos policiais. Tenho dito.
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