África do Sul: Malema alvo de duras críticas

O SECRETÁRIO-GERAL do Partido Comunista Sul-Africano (SACP), Blade Nzimande, acusou terça-feira o líder da Liga da Juventude do ANC de estar ao serviço de “capitalistas negros endividados” que beneficiaram de programas governamentais.

Discursando no congresso da central sindical COSATU, em Midrand, a norte de Joanesburgo, Nzimande lançou um ataque verbal violento contra Julius Malema, o controverso líder da juventude do partido no poder, afirmando, nomeadamente, que “quando Malema apela às nacionalizações não está preocupado em melhorar as condições de vida dos pobres nem dos desempregados”.

“O que ele está a tentar fazer é, com uma política de nacionalizações aprovada pelo Governo, que os capitalistas falhados e endividados, que beneficiaram dos programas BEE (Black Economic Empowerment), sejam salvos pelo Estado, que lhes compraria as empresas mineiras que possuem, apagando as dívidas, e que voltariam posteriormente as adquirir, livres de dívidas”, referiu o secretário-geral dos comunistas, que é ministro do Ensino Superior no Governo.

Durante o segundo dia do congresso da maior central sindical sul-africana ficou patente que a tensão no seio da aliança tripartida que governa a África do Sul desde 1994 (ANC, COSATU e SACP) atingiu um ponto muito próximo da rotura, com o secretário-geral da COSATU, Zwelinzima Vavi, a lançar também duras críticas a Malema, bem como ao Presidente do partido no poder e da República, Jacob Zuma.

Blade Nzimande apontou o dedo às “lutas de facções” no seio do ANC, responsabilizando-as pelas más relações existentes entre os parceiros da aliança governamental.

“Elementos da ‘nova tendência’ parecem estar a lutar pelas eleições internas em antecipação da conferência do ANC de 2012 em vez de se terem empenhado, por exemplo, na campanha para as autárquicas de Maio deste ano”, afirmou o líder comunista, voltando a apontar baterias a Julius Malema.

Para Nzimande, os “ataques” de Malema contra os brancos e as suas ameaças de que no futuro lhes irá expropriar as terras e nacionalizar os negócios afastaram todas as minorias do ANC, com uma pesada factura em termos de votos perdidos.

Para o secretário-geral dos comunistas, é imperativo que os parceiros de coligação cerrem fileiras “contra a ‘nova tendência’ e as suas tropas de choque”.

Fonte: TVM e Jornal Notícias - 30.06.2011