Hong Kong, 04 jun (Lusa) -- A Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China considera que as famílias das vítimas do massacre de Tiananmen de 1989 não precisam só de compensações, mas que Pequim assuma as suas responsabilidades.
A polícia chinesa admitiu, pela primeira vez, a possibilidade de pagar indemnizações pelos mortos registados durante a sangrenta repressão do movimento pró-democracia da Praça Tiananmen, há 22 anos, segundo anunciou esta semana o grupo Mães de Tiananmen num comunicado.
Segundo a nota publicada no jornal South China Morning Post, familiares de uma das vítimas foram abordados duas vezes por funcionários da polícia, numa aparente mudança de atitude das autoridades acerca dos acontecimentos de junho de 1989 em Pequim.
"Eles levantaram a questão da quantia a pagar, realçando que isso dizia respeito àquele caso individual, e não para o conjunto das famílias", disse o grupo, que há 16 anos reclama um pedido público de desculpas por parte do governo.
"As Mães de Tiananmen têm apelado repetidamente ao governo para dialogar, mas as autoridades têm-nos ignorado. Este ano, o silêncio foi finalmente quebrado", realça o comunicado.
O vice-presidente da Aliança de Apoio aos Movimentos Democráticos e Patrióticos na China, Richard Tsoi, disse à Agência Lusa que as famílias das vítimas da repressão de Tiananmen "não precisam só de compensações, mas da verdade, que Pequim assuma as suas responsabilidades".
A Aliança, constituída em Hong Kong e que organiza há 22 anos na Região Administrativa Especial da China a maior vigília de homenagem às vítimas do massacre de 1989, "apoia o grupo Mães de Tiananmen, bem como os ativistas chineses, na luta pela melhoria dos direitos humanos e democracia na China", garantiu Richard Tsoi.
Oficialmente, as manifestações pró-democracia da Praça Tiananmen, iniciadas por estudantes da Universidade de Pequim após a morte de um líder reformista do Partido Comunista Chinês, Hu Yaobang, são consideradas uma "rebelião contra-revolucionária".
No dia 04 de junho de 1989 - após mais de um mês de protestos, e do afastamento do sucessor de Hu Yaobang, Zhao Ziyang, considerado também um reformista -- a liderança do PCC chamou o exército para "repor a ordem" e centenas de pessoas morreram e milhares de outras foram presas ou exilaram-se.
O governo nunca revelou o número exato nem a identidade das vítimas, mas as Mães de Tiananmen já documentaram 203 mortos, estimando, porém, que falta localizar muitas mais vítimas.
Além da revogação do veredicto oficial sobre os acontecimentos de há 22 anos, as Mães de Tiananmen reclamam um relato público do que aconteceu durante a intervenção militar.
Hoje, a Aliança volta a organizar em Hong Kong, no parque Vitória, uma vigília para "reivindicar reformas democráticas na China e a revisão da posição de Pequim sobre o movimento pró-democrático dos estudantes de 04 de junho", prevendo a participação de mais de 150 mil pessoas, disse à Lusa Richard Tsoi.
PNE (AC).
Lusa/fim
Fonte: Notícia Sapo - 04.06.2011
Reflectindo: Interessante para mim é de os chineses, amigos e colegas, incluindo um professor meu de análise matemática que conheco serem pro-democratas.
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