segunda-feira, junho 20, 2011

Tunísia: Ben Ali e Leila Trabelsi condenados a 35 anos de prisão

Acusação de desvio de fundos contra o ex-ditador

Por Sofia Lorena

Zine El Abidin Ben Ali Leila Trabelsi, primeira-dama desde 1992, foram condenados em contumácia a 35 anos de prisão por desvio de fundos públicos.
O ditador e “a regente de Cartago” – um dos muitos nomes por que é conhecida a mulher que coleccionava propriedades e imóveis – souberam do veredicto e da sentença, conhecidos ao início da noite em Tunes, no seu exílio dourado de Jidá, onde estão desde 14 de Janeiro.

A Arábia Saudita, que aceitou receber o ditador, deposto após 29 dias de protestos na contestação que fez nascer a Primavera Árabe, ainda não respondeu aos pedidos de extradição da justiça tunisina. Ben Ali e a sua mulher foram ainda condenados a pagar multas no valor de 91 milhões de dinares (46 milhões de euros).

O ex-Presidente da Tunísia tinha feito saber que considera as acusações uma “fantochada” e que vê no processo concluído no dia em que começou “a ilustração de uma justiça de vencedores construída com acusações falsas”.

Para além da acusação de desvio de fundos, Ben Ali começou esta segunda-feira a ser julgado por tráfico de armas e droga. Depois da saída da família do país, as autoridades encontraram 27 milhões de dólares em dinheiro e em jóias no palácio presidencial de Cartago. No segundo palácio do ex-Presidente, o de Sidi Bou Said, estavam armas e 1,8 quilos de droga.

A versão do ditador

Num dos vários comunicados que fez divulgar em antecipação do julgamento, o ditador explica que não fugiu do país, antes foi “enganado” por militares que o convenceram de que era preciso tirá-lo da Tunísia durante uns tempos para travar uma conspiração que visava assassiná-lo.

O director geral que tinha a cargo a sua segurança, afirma, “insistiu para que eu acompanhasse a minha família a Jidá” por algumas horas. “Apanhei o avião mas depois da nossa chegada, o avião regressou à Tunísia sem mim, contrariando as minhas ordens claras.”

Fonte: Público.pt - 20.06.2011

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