quarta-feira, outubro 21, 2009

DIALOGANDO - Oposição subserviente?!...


Por Mouzinho de Albuquerque

DESTA vez prefiro também enfatizar aquilo que já disse neste cantinho. É que a política também tem destas coisas. Ou por outra, já diz o ditado popular que se não amas o povo, se apenas te queres servir dele para “subir” na vida, em nome da honestidade que deves aos seus concidadãos, deixa a política, dedica-te a outras tarefas em que podes ser útil, porque se insistires podes comprometer a liberdade, particularmente a democracia multipartidária que é igualmente a razão de ser do orgulho de um povo como o nosso.
Nunca sejas, por sua convicção, “moleque” político onde quer que estejas porque a política é para os que amam o povo, respeitando-o e ajudando-o a libertar-se da corrupção, pobreza absoluta, regionalismo, tribalismo e outros males.
Nunca as suas frustrações sociais e doutra índole podem constituir a principal causa para que sejas um “intruso” na política, pois a história de uma terra martirizada pela colonização e guerra como a nossa é construída sobre alicerces de vontade, tenacidade e querer. E é este espírito que explicará no futuro as razões que permitiram um povo, neste caso, moçambicano, erguer uma obra a pulso firme, isto é, o pluralismo democrático.
Falando com visão política profundamente moçambicana, o assunto é que já é do conhecimento público que alguns partidos da oposição do país, depois de terem sido excluídos pela Comissão Nacional de Eleições à corrida eleitoral, decidiram apoiar a Frelimo, Renamo e MDM e os respectivos candidatos presidenciais.
Não estamos ao lado doutra forma de se fazer crescer o sistema multipartidário como não estamos contra ninguém. Defendo é que haja postura política e seriedade por parte dos nossos políticos da oposição. É que, parece ridículo, ou mesmo estranho, que um partido excluído total ou parcialmente do processo eleitoral, decida apoiar, por exemplo, a Frelimo depois de a ter acusado de ser responsável dessa exclusão. Acima de tudo, depois de ter sido criado para combater essa mesma Frelimo.
Isso não conduz a soluções decentes, mas a caminhos perigosos para a extinção da própria oposição e, consequentemente, enfraquecimento da democracia multipartidária que muito precisamos neste país. Na verdade só é vencido quem desiste. É que ninguém com ideias nobres é capaz de desistir, tanto mais quando está consciente de que o empenhamento com que abraça as causas em que acredita na militância político- partidária é o essencial.
Em função disso não é pois de estranhar que alguém não notasse que essas posições oposicionistas tenham já “cheirado” que há uma grande cultura da subserviência, principalmente ao partido no poder e não cultura do progresso democrático que se pretende continuar a fazer com que Moçambique seja um dos exemplos de implementação no mundo.
Aliás, urge questionar como é que os partidos políticos da oposição neste país devem contribuir para uma melhor participação dos cidadãos na construção ou consolidação do processo democrático se há ou se esses partidos que tomaram essas decisões já demonstraram que são subservientes? Espero que os líderes dessas formações depois destas eleições ou um dia não venham sem escrúpulos gritar em público que a Frelimo é isto ou aquilo, por isso não serve.
Não deixa de ser verdade que ainda não temos uma oposição credível, que possa ser uma alternativa de governação de Moçambique, isso em parte por não haver imaginação para se encontrarem projectos válidos para a sua afirmação, mas era preciso que se evitasse este tipo de vergonhas políticas em tempos de eleições importantes como estas. Era preciso que se deixasse de lado o “lambebotismo” político.
Parecendo que não, a aparente subserviência de alguns partidos políticos da oposição deste país, principalmente os seus líderes, faz com que aconteçam coisas que por vezes custe ou pouco se podem acreditar no actual contexto do mundo político moçambicano, uma situação que deve estar condicionando a pobreza absoluta que grassa a maior parte dos moçambicanos.
Um contexto em que cada eleição que se realizasse no país, fosse um factor decisivo para a maturidade democrática, consolidação da unidade nacional. Num contexto em que tenhamos consciência que o nosso país precisa de construir e consolidar esta democracia com futuro, e que para isso urge mudar de atitudes e criar algo de novo em sintonia com os ideais de uma nova “civilização” política.
Por causa destas atitudes subservientes tomadas por aqueles partidos da oposição manda a minha honestidade intelectual confessar que este país ainda vai precisar, mas precisar mesmo, de muito trabalho para termos aqui alguma coisa que mereça uma classificação de um país democrático sólido.

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