Por Machado da Graça
Se a minha experiência de vida
tem algum valor eu diria que o nosso país está à beira de uma insurreição
violenta.
Por muitas cambalhotas e
flic-flacs que o actual executivo faça para fingir que está tudo normal, os
escândalos financeiros, que se sucedem uns aos outros, a guerra no centro do
país, agora já com o surgimento de valas comuns, o corte do apoio internacional
devido às tropelias infames de governantes anteriores e actuais, uma dívida
externa já impagável e a iminência do não pagamento de salários, da
desvalorização violenta do Metical, do desemprego, da falência de empresas e da
miséria não levam, normalmente, senão a uma revolta de grandes proporções,
muitas vezes incontrolável.
E, cada dia que passa, o tempo
para evitar isso é mais curto. O actual Governo está a perder, em velocidade
acelerada, credibilidade dentro e fora do país. Ao se recusar a denunciar e
punir os abusos dos seus antecessores passou a surgir como uma continuação
deles e dos seus desmandos.
Soluções para o estado a que chegámos não
haverá muitas. Atrevo-me a propor uma:
Dissolução da Assembleia da
República e marcação, para breve, de novas eleições gerais, sob controlo
internacional.
Criação de um governo de gestão,
até à realização das eleições, com igualdade no número de lugares entre os três
partidos com representação parlamentar.
Revisão da Constituição no
sentido da descentralização governativa, da diminuição radical dos poderes do
Presidente da República e da efectiva independência do sector da Justiça.
Se fosse possível, abolição, com
todas as honras devidas pelos seus passados, dos partidos Frelimo e Renamo, e
criação de novos partidos representativos das diferentes opções ideoló gicas
Caso não sejam tomadas estas medidas, ou outras de semelhante formato, acredito
que iremos assistir a uma revolta de grandes proporções. E, caso isso aconteça,
podemos cair numa fase de desordem generalizada (o mais provável) ou a
repressão violenta vence e entramos numa forma de ditadura militar de tipo
fascista. Nenhuma das hipóteses agradável, como facilmente se percebe.
Mas será que o bom senso vai
prevalecer? Infelizmente duvido.
Preparemo-nos para o pior...
Fonte: SAVANA – 06.05.2016
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