O Governo já não pode continuar a mentir; nem os governantes podem
continuar a roubar, como sempre o fizeram, perante os olhos de uma população
ignorante, que hoje dispõe de dispositivos de acesso à informação não
seleccionada. Estamos diante da mudança do paradigma, pois, no passado, a
informação passava pelo crivo do Governo.
No passado, durante a guerra, o Governo atribuía todo o tipo de barbaridade
aos chamados “bandos armados”. Mas agora vimos que o Governo criou esquadrões
da morte para matar opositores. Meteu dó ver o PR na Alemanha a dizer que quem
mata civis são os seus oponentes, quando o Governo é quem iniciou a saga de
matança de civis e opositores ou críticos do regime.
Está-se mesmo a ver uma hierarquização de mentirosos. O antigo presidente
mentiu nos números que forneceu quanto à aquisição da dívida externa. O antigo
ministro das Finanças, idem. O governador do Banco, idem. O primeiro-ministro foi a Washington e reconheceu ter havido ocultação da dívida. Está-se mesmo a
ver que os moçambicanos têm um Governo de mentirosos, que vêm há muitos anos
engordando à custa das mentiras e sonegação da verdade ao povo, que dizem tanto
amar.
Temos uma geração de políticos que ficou ultrapassada. Crê que basta criar
um grupo de arruaceiros e intriguistas, quais o G40, para estarem imunes em
todo o tipo de barbaridades. É uma mentalidade monoteísta, daqueles que pensam
que os únicos veículos de comunicação e difusão de notícias são a Rádio
Moçambique, a Televisão Experimental, o “Diário de Moçambique”, o “Domingo” e o
“Notícias”. A liberalização do acesso à informação é felizmente um grande
inimigo com que a elite política mentirosa terá que lidar nos próximos tempos,
se disso ainda for capaz. Porque hoje sabemos quem mata nas cidades, quem rouba
a uma velocidade exponencialmente impressionante.
Seria digno e sensato da parte deste Governo vir a terreiro e reconhecer os
excessos, as mentiras que foi propagando.
Parece que, neste tipo de fuga para frente, só os mentirosos não são
capazes de retractar-se, de tão expostos e descobertos que estão. Mesmo os
animais irracionais poderão estar a gracejar, pois nada, senão o
reconhecimento, os poderá salvar da lama.
O Governo não tem outra alternativa que não seja dar a mão à palmató- ria,
para unir a família moçambicana. Todo o tipo de engenharia de que se tem
ocupado acaba por se enredar e coloca o Governo no atribulado papel de
mafiosos, de asininos mentirosos.
O país parece um Estado sem Governo, desde que iniciaram as matanças, desde
que começaram a vir ao de cima os subsequentes escândalos que deixam a
população estarrecida.
Porque “errare humanum est”, é
chegado o momento de o Governo resignar. Assumir as falhas.
Não vamos continuar a construir um país na eterna mentira. (Adelino
Timóteo)
Fonte: Canal de Moçambique – 17.05.2016
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