Eduardo Sengo é economista moçambicano e diz que "maioritariamente os empréstimos da China não são comerciais, estão entre os concessionais e os moderadamente comerciais. De forma geral, são empréstimos acessíveis. Uma boa parte do financiamento ajudou-nos a melhorar um pouco o défice das infrastruturas, é um marco."
Ministérios, centros de pesquisa e de ensino, estradas e pontes são apenas alguns dos visíveis exemplos que se podem verificar por todo o país. Mas na construção de estradas, por exemplo, carros com matrículas chinesas e trabalhadores chineses também estão presentes. À boca pequena diz-se que até os pregos utilizados nas obras também vêm da China.
Tag aid deixa empresariado local de fora
Este tipo de financiamento, em que a maior parte do empréstimo não sai da China, não permite o desenvolvimento da indústria e do empresariado moçambicano. O economista considera que "este financiamento chinês não veio empoderar os recursos que foram canalizados pela comunidade empresarial. O que aconteceu é que as insfraestruturas em si são um benefício para as empresas existentes. Mas em termos do que chamamos conteúdo local nos seus projetos [a participação] tem sido pouca.
Entretanto, esta tendência não se regista apenas com o investimento chinês. O economista lembra que o mesmo acontece com o norte-americano, por exemplo, embora "não tão descarado como o chinês".
O analista e jornalista moçambicano Ericino de Salema também recorda esta tendência e explica que "isso tem a ver com o que se designa de ajuda ligada, tag aid em Inglês. Se são fundos chineses, japoneses ou portugueses há-de ser uma empresa proveniente desses países a ganhar a obra" e finaliza: "Quanto a isso acho que é uma questão um pouco explicada pela indústria do desenvolvimento." Ler mais (Deutsche Welle – 13.05.2016)
Sem comentários:
Enviar um comentário