Se alguém tinha dúvidas sobre o instinto calamitoso do partido Frelimo e da sua propensão para o crime, o porta-voz da Frelimo, Damião José, tratou de decepar essas dúvidas. A reacção de solidariedade e aposta do partido Frelimo num delinquente de provas dadas é, no mínimo, esclarecedora da linha de orientação política de um partido que aposta muito seriamente em individualidades de comportamento duvidoso.
Enquanto a nível da opinião pública, o escândalo do candidato da Frelimo em Moatize, Carlos Portimão, o tal que foi apanhado em flagrante delito a subornar a procuradora local Ivânia Mussagy, está a causar enorme preocupação, a nível do partido Frelimo, o caso está a ser tratado como exemplo de heroicidade e entrega à causa do grupo.
Nós não tínhamos dúvidas que Carlos Portimão podia merecer tratamento VIP no partido Frelimo. E a nossa asserção é fundada num conjunto de matérias que já publicámos neste jornal em que se “denunciaram” dirigentes corruptos da Frelimo que no lugar de serem julgados e detidos recebem honras e insígnias que os elegem a figuras “exemplares de integridade”.
Por exemplo, escrevemos aqui que o presidente da República, Armando Guebuza, está envolvido nos mais variados negócios com contornos corruptos, e para o nosso espanto, no lugar de ser investigado, foi promovido pelos seus correligionários a “Guia Incontestável”, como se comprova com a foto do tal dístico afixado no portão do Estádio Nacional, no Zimpeto, em Maputo.
Perguntamos nós: incontestável aonde? Na corrupção? Nas negociatas? Ou na vulgarização do Estado moçambicano?
A dar seguimento à mesma lógica, com a mesma naturalidade o partido Frelimo encarou o escândalo “Portimão”, em Moatize. Não deve por isso ser visto de forma isolada. Tornou-se e é uma prática interna do partido Frelimo exaltar mafiosos e apoiá-los nas suas incursões contra a integridade do Estado.
Em entrevista concedida ao sub-chefe da Redacção do Canal de Moçambique, o secretário para a Mobilização e Propaganda do partido Frelimo, Damião José, disse que o que aconteceu em Moatize é um “acidente de percurso” e não vai de maneira alguma colocar em causa a reputação do candidato da Frelimo, Carlos Portimão.
Aliás, na referida entrevista cuja notícia é publicada nesta edição, o partido Frelimo não só encara com maior naturalidade do mundo o facto de um candidato seu a dirigente ser corrupto por tendência, como ainda se presta a arranjar um nome simpático para o escândalo, baptizando-o de “acidente de percurso”.
Haverá no mundo, um grupo de pessoas que meta medo e nojo como estes dirigentes da Frelimo? Estas evidências levam qualquer pessoa séria a concluir que a haver, só podem estar associadas em cartéis de crime organizado ou sujeitas a cuidados médicos por disfunção psíquica.
O porta-voz da Frelimo confirma a tentativa de suborno à procuradora por parte do tal candidato da Frelimo, mas diz que a Imprensa reportou o caso de forma deturpada. Carlos Portimão foi julgado e condenado, Damião José insiste em mentir.
Simplesmente paradoxal!..
Só um partido moralmente deturpado é que pode encontrar deturpação nesse escândalo nojento de um candidato tentar corromper uma procuradora, que por sinal teve um gesto único de agir em defesa da dignidade da magistratura, a prestigiar e a refrescar a moçambicanidade.
Mais: diz o porta-voz da Frelimo que “a questão já está ultrapassada e os munícipes de Moatize já perceberam que foi um mal entendido”.
Ou seja, a Frelimo quer fazer entender que os munícipes de Moatize pactuam com a corrupção? Já não basta a pulhice de um ainda quer fazer crer que todos os munícipes de Moatize são todos da mesma baixa conduta?
Francamente, senhor Damião José, o senhor pode ser da mesma laia do senhor Portimão, mas por favor não insulte as outras pessoas de Moatize.
Os munícipes de Moatize são pessoas honestas e trabalhadoras, com valores morais o suficiente para não precisarem de um partido como a Frelimo e do seu corrupto Carlos Portimão.
Chegar ao ponto de arranjar jargões como “acidente de percurso” é coisa que admitimos que caiba na sua falta de educação, mas não julgue os outros pela sua bitola.
Senhor porta-voz da Frelimo, não insulte os milhões de moçambicanos para procurar justificar a falta de qualidade de carácter dos seus amigalhaços.
Na nossa modesta opinião, o real alcance desse “acidente de percurso” remete-nos a um percurso partidário, caracterizado, regra geral, pela corrupção, o roubo, a máfia e o abuso da “coisa pública”. Este é, na nossa opinião, o percurso que o partido Frelimo de Guebuza nos tem estado a habituar. Não é um acidente de percurso. É, antes sim, uma réplica comportamental.
O que está a acontecer neste momento é que dentro da própria Frelimo ninguém tem legitimidade de apontar o dedo ao corrupto Carlos Portimão. É o que o senhor Damião transmite aos moçambicanos com as suas observações. Ninguém tem mãos limpas. Há “Portimões” por toda a Frelimo adentro. Há corruptos por toda a Frelimo. Porque se criticassem Carlos Portimão, seria legítimo procurar saber de José Pacheco, sobre o seu envolvimento na venda da madeira com aqueles seus “irmãos” chineses. Seria legítimo perguntar a Guebuza, Manuel Chang, e outros sobre a escandaleira dos navios. Portanto, desde o nível autárquico ao nível central só se respira corrupção e pouca-vergonha.
A questão é: quem põe o guizo ao pato?
Na esperança de que o povo moçambicano já esteja acordado, fazemos aqui um vigoroso apelo a todos para que peguemos em “vassouras” e limpemos este lixo que já nos causa problemas muito sérios.
É preciso que o povo acorde e tome as suas responsabilidades perante este bando de mafiosos corruptos.
Não há calamidade que cause estragos e dure para eternidade. Por isso, esta calamidade, Frelimo, tem de chegar ao fim. Temos de nos livrar desta miséria colectiva que se chama partido Frelimo.
Fonte: Canal de Moçambique in Mocambique para todos – 09.10.2013
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