quinta-feira, outubro 02, 2014

Eleições: MDM tenta afirmar-se como alternativa à “Frenamo”

As eleições gerais em Moçambique, marcadas para 15 de Outubro, vão testar a primeira votação verdadeiramente a três, com a afirmação do MDM como partido de expressão nacional, contra a hegemonia da Frelimo e a histórica oposição da Renamo.
Nascido em 2009 de uma dissidência do seu líder, Daviz Simango, com a Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) conseguiu há cinco anos eleger oito deputados nos dois círculos em que foi autorizado a concorrer e, no ano passado, conquistou quatro municípios, três dos quais grandes cidades (Beira, Nampula e Quelimane), e ainda resultados expressivos em Maputo e na sua cidade-satélite, Matola.
As próximas eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) serão as primeiras em que o MDM concorre nos onze círculos eleitorais, medindo o verdadeiro alcance da sua ascensão e desta vez com a concorrência da Renamo, que há um ano boicotou as autárquicas.
"O MDM não tem nada a perder nestas eleições e está a afirmar-se como alternativa em Moçambique", disse à Lusa Daviz Simango, garantindo que a bipolarização do bloco "Frenamo" (Frelimo mais Renamo) chegou ao fim.
Os resultados dos últimos actos eleitorais mostram que o percurso da terceira maior força moçambicana, afastando-se do percurso de conflito dos dois partidos históricos, atraiu um eleitorado jovem e urbano.
"Há uma geração nova que vai votar pela primeira vez e para a qual o discurso de guerra não faz muito sentido, porque tem outras causas e aspirações e procura outras referências", observou Tomás Vieira Mário, comentador político moçambicano.
Aos novos eleitores junta-se um segmento abaixo dos 30 anos, que nunca teve orientação partidária, "um produto da massificação da educação e sem enquadramento ao nível de emprego e de subsídios de desemprego", assinalou, por seu lado, João Pereira, politólogo e docente de Ciência Política e Administração Pública da Universidade Eduardo Mondlane.
"Até certo ponto, são grupos marginalizados pelas políticas da Frelimo", prosseguiu, sem orientação partidária e cujo comportamento eleitoral é volátil.
"A maior parte da população é jovem e isto significa que pode ter entre 30% a 40% do peso eleitoral. Se a maior parte se encontrar no meio urbano, a probabilidade de o MDM chegar a 30 a 40 deputados é grande", disse ainda João Pereira, admitindo porém que a campanha altamente mobilizadora do líder da Renamo pode levar que qualquer uma das forças de oposição possa beneficiar do voto deste grupo.
Afonso Dhlakama abandonou o seu refúgio da serra da Gorongosa, centro do país, ao fim de mais de um ano e meio de confrontações militares entre o braço armado do seu partido e o exército, seguidas de uma chegada triunfal a Maputo e início de uma campanha eleitoral fulgurante, arrastando multidões.
Este renascimento baralhou sondagens realizadas antes da campanha, iniciada a 31de Agosto, e que apontavam para a afirmação do MDM como líder da oposição, por troca com a Renamo.
"O MDM tornou-se no bombo da festa e corre o risco de a situação se complicar", alertou António Francisco, investigador do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, referindo-se ao fulgor das campanhas dos dois partidos históricos e também às confrontações envolvendo membros da Frelimo e do movimento de Daviz Simango, enquanto a Renamo permanece tranquila.
Apesar de o MDM ter encontrado nos jovens urbanos o se "nicho político", como define Tomás Vieira Mário, as últimas autárquicas mostraram que teve pouca expressão nos municípios rurais, onde está a maioria do eleitorado, e agora tenta aumentar a sua expressão em territórios que ainda não explorou.
Essa meta foi confirmada pelo próprio Simango, quando disse à Lusa que, "não sendo fácil", o seu partido está a procurar votos nas regiões "mais recônditas do país", lançando mais uma variável numas eleições imprevisíveis, mas que mantêm como certa a ameaça à hegemonia da "Frenamo".
Fonte: LUSA - 02.10.2014

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei, assim nos outros passamos a aprender a nao fazer analisese sem meritos, os analistas mostram que vivem e acompamham a evolucao do scenario politico +, aqueles que comentam falacias na TVM, onde foram formados? Por mim a TVM deve deixar de enganar o Povo, eu esto aqui no Campo, mas quando fazem comentarios para agradar os Boss, acabam ponto gazolina porque todo lado as pessoas preferem ter dstv, Startime, gotv paravevitar a TVM. FORCAS A TRANSPARAENCIA nos de vos aprendemos a ser e estar.