Por Machado da Graça
As notícias que vão surgindo diariamente, apontam para uma fraude
generalizada, na maior parte do país, a favor do partido Frelimo.
Depois dos actos de violência e intimidação no próprio dia da votação, já
foi divulgado que, na cidade de Tete, onde funcionaram 178 mesas de voto,
aparecem agora editais de 234; o MDM afirma que, em Nampula, os orgãos
eleitorais lhe atribuem cerca de 13000 votos enquanto a sua contagem, com base
nos editais, lhes dá mais de 21000;num edital de uma escola, na Matola, onde
votaram 504 pessoas, o candidato do partido Frelimo aparece com mais de 900
votos; na Beira a directora executiva do STAE foi apanhada em flagrante quando
trocava editais, com vitória de Afonso Dlakama, por outros falsos em que Filipe
Nyusi aparecia vencendo folgadamente; a TVM anuncia que, na Zambézia, Dhlakama
teve 27609 votos e isso corresponde a 43,49%, enquanto Filipe Nyusi teve 25630
votos, correspondendo a 77,9% (espantosa matemática!); na província de Gaza,
bastião do partido Frelimo, aparecem mesas de voto que registam acima de 90% de
votantes, contra uma média nacional de cerca de 50%; etc, etc, etc...
E, se isto é o que está a ser descoberto, resta saber quanto não passou
despercebido.
Ora tudo isto não pode, na minha opinião, ser resultado de acções
individuais deste ou daquele militante mais “entusiasta”. Creio que tudo isto
foi preparado, tudo isto foi organizado.
E tinha objectivos claros que, de resto, estão a ser conseguidos: Evitar
que, na eleição presidencial se tivesse que ir a uma segunda volta, de
resultados duvidosos, e conseguir uma maioria absoluta na Assembleia da
República, que permita governar sem ter que negociar com as bancadas da
oposição.
Por este somatório de razões eu creio que, ao contrário do que aconteceu
em eleições anteriores, os actos fraudulentos de 2014 influenciam, de facto, os
resultados finais.
Preocupa-me, por isso, ler no Magazine Independente, declarações do Dr.
Hermenegildo Gamito apelando à aceitação dos resultados. Ora o Dr. Gamito não é
um cidadão qualquer. É o Presidente do Conselho Constitucional. E o Conselho
Constitucional é o árbitro desta disputa. É o orgão que vai validar, ou não, os
resultados. Se o seu Presidente, antes de conhecer os factos concretos, já
apela à aceitação dos resultados, o que se poderá esperar, em termos de
isenção, da deliberação do orgão?
Quanto à observação internacional, na sua maioria, só posso considerá-la
como vergonhosa...
Fonte: Savana 24-10-2014
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