O município de Quelimane, capital provincial da Zambézia, por sinal o quarto município mais importante de Moçambique, marcou o primeiro passo na história da democracia de Moçambique.
Sabe-se que o governo municipal é chefiado por Manuel de Araújo, que concorreu ao cargo do edil, através do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), nas eleições intercalares realizadas a 7 de Dezembro do ano passado, cuja vitória perante a Frelimo não deixou dúvidas.
Adoptando o slogan “Quelimane para todos”, Araújo arrastou gente e, no acto da sua tomada de posse, a 31 de Dezembro passado, voltou a falar de inclusão e colocar pessoas mesmo não sendo do seu partido na gestão municipal.
Quase cinco meses depois, isoo vem acontecer. No governo municipal de Quelimane, há um Vereador que não é do MDM. Trata-se de Henriques Lenço, membro da Assembleia Municipal de Quelimane (AMQ), pela bancada parlamentar da Renamo, que tomou posse para a Área de Fiscalização, Polícia Municipal e Transportes no Conselho Municipal de Quelimane.
Lenço fazia já o seu segundo mandato como membro da AMQ e era uma “pedra” importante na bancada da Renamo. Sempre que interviesse nas Sessões era notória a sua postura como membro da AMQ. Criticou onde deveria criticar e também elogiou onde deveria elogiar.
Tomei a decisão para o bem de Quelimane
Calmo, tranquilo e com os olhos bem arregalados, Henriques Lenço, o novo Vereador de Manuel de Araújo, sabia que não iria escapar às perguntas dos jornalistas. Aliás, foi um acto bastante concorrido pela imprensa local.
Num breve contacto com a imprensa, o novo Vereador disse que tomou uma decisão sábia para si e para os munícipes de Quelimane. A fonte respondia assim a um pergunta feita, segundo a qual se a decisão tomada teria sido a melhor.
Nesta sua abordagem, Lenço disse que para o bem de Quelimane ele foi homem justo, porque afinal a nova governação sempre pautou por uma governação inclusiva, dai que ele faz parte desta inclusão.
Mais adiante, aquele entrevistado disse que deverá ficar bem claro que entrou no Conselho Municipal de Quelimane sobretudo como vereador porque primeiro viu uma vacatura e quis preencher, mas depois, Lenço acrescenta que entrou para ajudar a edilidade a resolver os problemas da cidade sobretudo na área onde está.
Porém, reconhece que não vai ser fácil, porque afinal nem em quase 15 anos a governação da Frelimo e do Pio não foi capaz, por isso pediu para que não se exija muito a este governo, que precisa de tempo.
Diálogo, mais diálogo
No contacto com a imprensa, o recém-empossado frisou que, neste momento, conhecendo ele a situação da cidade, sobretudo daquilo que se passa na sua área, vai privilegiar o diálogo como uma forma de resolver alguns casos.
Não prometeu usar a força, mas assegurou que este governo municipal como tem vindo a fazer, coloca o diálogo em primeiro lugar.
Porém, o Vereador para Área da Polícia Municipal, Fiscalização e Transportes, reconheceu que este governo não tem muito tempo, uma vez que no mandato restam apenas pouco menos de 20 meses, dai que há que redobrar os esforços para que os problemas dos munícipes tenham solução.
Edil diz que cumpriram-se as profecias
Por seu turno, Manuel de Araújo, o presidente do Conselho Municipal de Quelimane, presente no acto da tomada de posse, diz que com o empossamento deste vereador, terminou o ciclo e, daqui para diante, trabalho, mas muito trabalho.
Indo concretamente às incidências, Araújo fez saber que o Vereador que, esta Quinta-feira, tomou posse, sendo ele da Assembleia Municipal, sobretudo da bancada da Renamo, cumpriu-se assim o slogan que sempre adoptou, de “Quelimane para todos”.
A dado passo, o edil de Quelimane explicou que no município de Quelimane não se olham as cores partidárias, a raça, a etnia e muito menos a condição social, por isso, sabendo das capacidades do Henriques Lenço, o Conselho Municipal achou que este tinha perfil adequando para ocupar este cargo e nesta área, por isso “esperamos do empossado muito trabalho e reconhecemos que não é fácil, mas com o apoio de todos ele pode conseguir e no fim, serão os munícipes de Quelimane que sairão a ganhar” - sublinhou o edil.
Golpe na Renamo
No seio da bancada parlamentar da Renamo na Assembleia Municipal de Quelimane, ninguém quer comentar com detalhes sobre esta tomada de decisão protagonizada por um dos seus membros.
Na manhã desta Quinta-feira, o DZ deslocou-se à delegação política provincial daquele partido, onde Noé Mavereca, chefe da bancada da Renamo na AMQ, pediu tempo para pronunciar-se sobre este assunto.
Mas, Mavereca disse que por vias oficiais, ainda não tomou conhecimento sobre este assunto, isto é, o Henriques Lenço ainda não informou oficialmente a sua bancada que já está a ocupar a pasta de Vereador na governação do Araújo que concorreu como candidato do MDM.
Todavia, a Renamo prefere não comentar nada ainda, mas Mavereca deixou escapar que ao tomar esta decisão, Henriques Lenço fez para o bem da cidade.
Aliás, o chefe da bancada da Renamo diz mesmo que o novo vereador é pessoa e tem as suas convicções pessoais, dai que não pode ser inibido a fazê-lo.
“Sabemos que ele também tem as suas vontades, mas quero assegurar que neste momento não temos informação oficial, dai que não posso fazer nada” - rematou a fonte.
Ciclo fechado
Com o empossamento deste Vereador, o governo municipal completou assim as suas cadeiras no que toca aos vereadores.
São, no total, seis vereadores que compõe o governo de Manuel de Araújo, saído as eleições intercalares de 7 de Dezembro do ano passado.
Fonte: Diário da Zambézia in @VERDADE - 10.05.2012
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