Há 20 anos, no dia 11 de Fevereiro, Nelson Mandela caminhou, com Winnie, com quem era casado na altura, pelo braço, em direcção a um mar de gente que o aguardava nas ruas, sem aparato de segurança especial, dando início a um processo de edificação de uma democracia plena e representativa que ainda hoje surpreende o mundo Esse gesto, aparentemente intrépido, de um líder que viveu 27 anos encarcerado por ousar opor-se a um regime brutal, encerra em si próprio a natureza do político que acredita que quando a causa é justa não há lugar para o medo.Por isso, foi sempre coerente nas suas abordagens e na vida, quer como cidadão, quer como chefe de Estado quer como líder na reforma.
Essa atitude perante a vida e perante o povo criou dores de cabeça sem fim aos seguranças ao longo dos últimos 20 anos: quando Mandela caminha não há barreiras que o segurem.
Em certa medida, Frederik de Klerk, o homem que ordenou a libertação do “pai” da democracia sul-africana, tem uma abordagem semelhante perante o processo político. Frederik de Klerk, que em 2 de Fevereiro de 1990, poucos meses após ter sido eleito, ordenou a libertação de Mandela e a legalização dos partidos políticos e sindicatos, mostrou durante as fases críticas do processo de transição o mesmo espírito temerário, apesar das ameaças que enfrentava de todos os sectores, designadamente do seu próprio povo, os afrikaners, para quem, na altura, simbolizava “o supremo traidor”.
A importância do papel de De Klerk na libertação de Mandela e no sucesso do processo de reconciliação que se seguiu ainda hoje não é pacífico. .>>>
Fonte: Jornal Notícias (11.02.2010)
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