A decisão do governo de promover feiras agrícolas semanais como forma de facilitar aos produtores e à população rural carente, em geral, o acesso aos insumos e outros factores de produção a preços favoráveis, bem como a oportunidades de colocação dos seus produtos nos mercados, não está a ser acolhida de bom grado pelos comerciantes formais do distrito de Monapo, província de Nampula.
A nossa reportagem apurou de alguns comerciantes no posto administrativo de Netia, o mais povoado ao nível do distrito de Monapo, com uma população estimada em 113 mil habitantes, que as feiras agrícolas constituem um obstáculo ao exercício normal da sua actividade, alegadamente porque o nível de arrecadação de receitas dos seus negócios tem vindo a decrescer.
Referiram que a expressão do comércio formal é apenas notória no período da comercialização dos excedentes agrícolas, devido ao facto do posto de Netia ser um dos potenciais produtores de cereais, nomeadamente milho, amendoim, feijões, mapira e gergelim, além de tubérculos como a mandioca e a batata doce, entre outros, ao nível do distrito, o que exige uma capacidade financeira reconhecida para intervir no processo. As autoridades administrativas de Netia dizem que estão ao corrente da situação que coloca de costas voltadas os comerciantes e as populações locais.
João de Castro, chefe do posto de Netia, acrescentou que os comerciantes apresentaram um protesto formal em relação à existência de feiras agrícolas, alegando que, desde que aquela iniciativa começou a vigorar, as mercadorias que comercializam passaram ao lado das prioridades dos consumidores por falta de colocação. Entre as mercadorias que são comercializadas no comercio formal que já não têm colocação, destacam-se, segundo apuramos, bicicletas, utensílios domésticos à base de plástico e esmalte, calçado e motorizadas de 50 centímetros cúbicos de cilindrada.
Aquelas mercadorias são, actualmente, colocadas nas feiras agrícolas por parte de comerciantes informais a preços relativamente baixos, facto que João Castro considera não ter nenhuma inconveniência, pois que cada um compra o que pretende segundo as suas possibilidades financeiras. Acrescentou que, nas feiras agrícolas, a troca de utensílios domésticos por animais de pequeno porte é uma prática comum que, no comércio formal, não tem espaço e enquadramento devido, em parte, à inflexibilidade dos agentes económicos que exploram os estabelecimentos que funcionam em Netia.
As feiras agrícolas, que funcionam, tanto em Netia como em vários pontos da província, em dias alternados, segundo o numero de povoados existentes, têm correspondido às expectativas das comunidades rurais.
Fonte: AIM in @ VERDADE (18.02.2011)
Reflectindo: eis aqui um bom e grande tema para debate. O que incomeda aos comerciantes é o mercado livre?
Sem comentários:
Enviar um comentário