Por Edwin Hounnou
A urbe do Chimoio, capital da província central de Manica, há muito que pertence ao grupo das cidades moçambicanas que mergulhou na imundice onde as suas ruas esburacadas disputam o mesmo espaço com o lixo que não é recolhido, regularmente. Hoje, é uma cidade para esquecer.
Mesmo em plena quadra festiva, o lixo impede a utilização dos passeios reservados aos peões. O mau cheiro exalado pelos detritos depositados nos passeios retira o acolhimento que caracterizava Chimoio dos tempos não muito distantes. Os buracos tapados com terra vermelha solta ou o pavimento remendado, de vez em quando, empresta à urbe um aspecto de um crocodilo muito envelhecido, a tomar banho de um abrasador sol de verão.
Quando chove, seja por um curto espaço de tempo, andar na cidade do Chimoio, na sua zona alta, é um martírio que não vale a pena experimentar. As ruas viram verdadeiros rios periódicos que invadem a parte alta da cidade. As águas inundam lojas, residências e engolem passeios porque a zona onde o dreno natural iniciava – nascente do Rio Mwenezi, um importante afluente do Rio Révuè - está vedado por construções do INSS, permitiram que fossem construídos um grande mercado informal, lojas, stand de vendas viaturas, habitações, etc., sem um estudo ambiental razoável nem consistente.
As águas pluviais não têm por onde escapar, por isso, inundam a cidade. Este é o resultado de as nossas cidades serem dirigidas por entusiastas políticos e não por quem entende da governação. Os avisos para que essas construções fossem embargadas chegaram de todos os quadrantes, mas, as autoridades municipais ignoraram nossos apelos e deixaram tudo prosseguir com naturalidade. As nossas cidades não poderão crescer e até correm o grave risco de desaparecerem. Dirigir uma vila, cidade ou município é uma ciência que se aprende nos bancos de escola. Os que não puderam passar por escolas específicas, ao menos que tenham a humildade suficiente de ouvir e vontade de aprender como se conduzem os destinos de uma vila ou cidade.
O que degrada uma cidade não são as enchentes de gente oriunda das zonas rurais, porém, uma gestão tão danosa como tem vindo a acontecendo no Chimoio em que um grupo de aventureiros, piratas e curiosos se fazem de gestores da urbe.
Embora a situação de água esteja a melhorar, gradualmente, ainda continua muito abaixo do desejável, isto, as torneiras mantêm-se secas no intervalo das 09 da manhã às 06 horas do dia seguinte, o que é pouco para uma cidade que já teve água 24/24 e a subir em todos os prédios existentes naquele tempo.
Sabe-se que as novas autoridades municipais herdaram uma cidade destruída e abandonada, terão que redobrar esforços para tornar Chimoio uma cidade apetecível como o era noutros tempos em que as suas populações até receavam atirar uma casca de banana ao chão. Tal atitude era repudiada pelo vizinho mais próximo. Hoje ninguém olha para ninguém.
Fonte: Diário Independente, edicão nr 470, de 22.02.2010
Sem comentários:
Enviar um comentário