Por Régio Conrado
“A abundância é enganadora: Adormece-nos e foge. A miséria terrível e a fome que se lhes segue, arrancam demasiado tarde a nossa letargia, surpreendido, desencorajado, o homem fica sem energias, se soube prevê-las, pode afastá-las”. René Dumont
Ao longo da minha jornada, das minhas divagações literárias tenho tido o prazer e o privilégio de descobrir tanta coisa sobre e de África, problemas que assolam o mundo, tenho sentido um certo sussuro que me desperta uma raiva, melancolia, náusea, escondidas, soterradas no mistério do tempo.
Sinto nojo de ainda existir e nada fazer num mundo onde vejo pessoas como eu a morrerem de fome, nudez, enquanto outros, uma minoria capitalizada selvaticamente, vive na fartura, na sumptuosidade, despejam plásticos de alimentos, queimam fardos de roupas, andam de carro não sei de que marca, somente para ir aos montes passar lazer, enquanto o povo, a maioria percorre quilómetros para buscar 20l de água.
Todos sabemos que a Oeste o desemprego generalizado e massivo ameaça a estabilidade social, a Leste a perspectiva de uma melhoria significativa das condições de vida, através dela um alívio tenaz constituído pelo sistema politico, esbate-se e afasta-se para um futuro indeterminado, como o horizonte quando pretendemos aproximar-se dele ou quando alimentamo-nos de utopias símiles as de Thomas Moro, Saint Saimon, Fourier, Platão, escancaradas, escamoteadas, pois como um velho ditado chinês diz, no mundo nada é real, tudo é ilusão, mas a nossa convicção é de que ajuda a efectivar essas utopias a tornar-se aquilo que nós chamamos de real.
A Sul, fora raras excepções, os mecanismos de desenvolvimento emperram em toda parte, a situação alimentar degrada-se vorazmente. Que nos espera o futuro, se mesmo nos anos 50 o respeitadíssimo agrónomo, René Dumont, falava duma pobreza desproporcional se as coisas continuarem como estão? O crescimento é frequentemente entravado.
As diferenças de rendimento entre o Norte e o Sul crescem constantemente. Em muitos países africanos, senão mesmo em todos, o doravante pertence mais a um subdesenvolvimento cumulativo do que à descolagem socioeconómica que se encontra nos pontos insuportáveis, perpetrados por aquelas bestas que vêm vestidas de carneiros enquanto são lobos do tipo mais selvagem, biblicamente falando são falsos profetas dos últimos tempos.
Entretanto, todos os esforços que são tomados para fomentar África se têm tornado por si mesmo um oceano de futilidades e manipulações de forma a tornar-nos mais dependentes, alienados, escravizados ao seu selvagismo económico, de modo a alimentar os seus apetites de dinossauros insaciáveis, orangotangos que não se satisfazem, animais que vivem na poligamia de interesses pela nossa África. África essa que me traz angústia quando busco-a, penetro-a, sinto-a profundamente, encontro-a sem paragens. Falo assim porque em África não conheço nada mais vergonhoso do que os nossos líderes corruptos, aqueles que nos tempos idos diziam-se lutar pela causa do povo para o povo. Que belo slogan revolucionário!
O analfabetismo é uma realidade, a miséria é um facto, a malnutrição é o conteúdo mais propalado, diga-se, no entanto, que os governos são largamente responsáveis por todas essas imundícies, desumanidades, todas essas situações, tanto pela natureza ou na melhor das hipóteses, deve-se pela inabilidade e insuficiência da sua acção interna.
Com efeito, o Ocidente concomitantemente com os governos africanos encharcados pelas ideias que cheiram a neocolonialismo oportunista têm propagado discursos carregados de vénia, fazendo eco de palavras como o nosso continente encontra-se atrasado por causa da nossa tecnologia atrasada, ou mesmo dizem que não temos tecnologias que justifiquem o nosso desenvolvimento.
É absurdo, se tomarmos como substracto que são os mesmos que ontem, no pretérito recente, que apareciam perante o povo dizendo que com as nossas condições venceremos a pobreza, para de um tempo para outro dizerem que já não somos aptos de desenvolvermo-nos sem a tecnologia importada por altos preços do Ocidente, ou ainda que o desenvolvimento passa por mecanizarmos a nossa agricultura, enquanto a nossa África não tem uma indústria capaz de alimentar essas infantilidades dos líderes africanos. Os mesmos que lutavam pelo bem do povo, são os primeiros da lista a extorquir, manipular, a pôr na miséria o povo, sem dó nem compaixão.
Hoje, o povo africano sofre a exploração e a dominação por uma minoria que não é mais do que usurpadores dos bens obtidos pelo suor do povo, como os seus amigos fizeram no tempo do colonialismo, nos tempos das desumanidades abertas contra os africanos, líderes esses que andam em “Hammer”, “Mercedes Benz”... até helicópteros, o que falta é andarem de jactos se é que alguns já não compraram para os seus filhos. Importam cada tipo de coisas obscuras, ocultas, sem pagarem os direitos alfandegários, graças à cumplicidade dos encarregados das alfândegas, enquanto ao lado de tudo isso o povo passa fome crónica, às vezes ensurdecida, cegada, emudecida e embevecida por sei lá quem.
Fonte: Notícias
“A abundância é enganadora: Adormece-nos e foge. A miséria terrível e a fome que se lhes segue, arrancam demasiado tarde a nossa letargia, surpreendido, desencorajado, o homem fica sem energias, se soube prevê-las, pode afastá-las”. René Dumont
Ao longo da minha jornada, das minhas divagações literárias tenho tido o prazer e o privilégio de descobrir tanta coisa sobre e de África, problemas que assolam o mundo, tenho sentido um certo sussuro que me desperta uma raiva, melancolia, náusea, escondidas, soterradas no mistério do tempo.
Sinto nojo de ainda existir e nada fazer num mundo onde vejo pessoas como eu a morrerem de fome, nudez, enquanto outros, uma minoria capitalizada selvaticamente, vive na fartura, na sumptuosidade, despejam plásticos de alimentos, queimam fardos de roupas, andam de carro não sei de que marca, somente para ir aos montes passar lazer, enquanto o povo, a maioria percorre quilómetros para buscar 20l de água.
Todos sabemos que a Oeste o desemprego generalizado e massivo ameaça a estabilidade social, a Leste a perspectiva de uma melhoria significativa das condições de vida, através dela um alívio tenaz constituído pelo sistema politico, esbate-se e afasta-se para um futuro indeterminado, como o horizonte quando pretendemos aproximar-se dele ou quando alimentamo-nos de utopias símiles as de Thomas Moro, Saint Saimon, Fourier, Platão, escancaradas, escamoteadas, pois como um velho ditado chinês diz, no mundo nada é real, tudo é ilusão, mas a nossa convicção é de que ajuda a efectivar essas utopias a tornar-se aquilo que nós chamamos de real.
A Sul, fora raras excepções, os mecanismos de desenvolvimento emperram em toda parte, a situação alimentar degrada-se vorazmente. Que nos espera o futuro, se mesmo nos anos 50 o respeitadíssimo agrónomo, René Dumont, falava duma pobreza desproporcional se as coisas continuarem como estão? O crescimento é frequentemente entravado.
As diferenças de rendimento entre o Norte e o Sul crescem constantemente. Em muitos países africanos, senão mesmo em todos, o doravante pertence mais a um subdesenvolvimento cumulativo do que à descolagem socioeconómica que se encontra nos pontos insuportáveis, perpetrados por aquelas bestas que vêm vestidas de carneiros enquanto são lobos do tipo mais selvagem, biblicamente falando são falsos profetas dos últimos tempos.
Entretanto, todos os esforços que são tomados para fomentar África se têm tornado por si mesmo um oceano de futilidades e manipulações de forma a tornar-nos mais dependentes, alienados, escravizados ao seu selvagismo económico, de modo a alimentar os seus apetites de dinossauros insaciáveis, orangotangos que não se satisfazem, animais que vivem na poligamia de interesses pela nossa África. África essa que me traz angústia quando busco-a, penetro-a, sinto-a profundamente, encontro-a sem paragens. Falo assim porque em África não conheço nada mais vergonhoso do que os nossos líderes corruptos, aqueles que nos tempos idos diziam-se lutar pela causa do povo para o povo. Que belo slogan revolucionário!
O analfabetismo é uma realidade, a miséria é um facto, a malnutrição é o conteúdo mais propalado, diga-se, no entanto, que os governos são largamente responsáveis por todas essas imundícies, desumanidades, todas essas situações, tanto pela natureza ou na melhor das hipóteses, deve-se pela inabilidade e insuficiência da sua acção interna.
Com efeito, o Ocidente concomitantemente com os governos africanos encharcados pelas ideias que cheiram a neocolonialismo oportunista têm propagado discursos carregados de vénia, fazendo eco de palavras como o nosso continente encontra-se atrasado por causa da nossa tecnologia atrasada, ou mesmo dizem que não temos tecnologias que justifiquem o nosso desenvolvimento.
É absurdo, se tomarmos como substracto que são os mesmos que ontem, no pretérito recente, que apareciam perante o povo dizendo que com as nossas condições venceremos a pobreza, para de um tempo para outro dizerem que já não somos aptos de desenvolvermo-nos sem a tecnologia importada por altos preços do Ocidente, ou ainda que o desenvolvimento passa por mecanizarmos a nossa agricultura, enquanto a nossa África não tem uma indústria capaz de alimentar essas infantilidades dos líderes africanos. Os mesmos que lutavam pelo bem do povo, são os primeiros da lista a extorquir, manipular, a pôr na miséria o povo, sem dó nem compaixão.
Hoje, o povo africano sofre a exploração e a dominação por uma minoria que não é mais do que usurpadores dos bens obtidos pelo suor do povo, como os seus amigos fizeram no tempo do colonialismo, nos tempos das desumanidades abertas contra os africanos, líderes esses que andam em “Hammer”, “Mercedes Benz”... até helicópteros, o que falta é andarem de jactos se é que alguns já não compraram para os seus filhos. Importam cada tipo de coisas obscuras, ocultas, sem pagarem os direitos alfandegários, graças à cumplicidade dos encarregados das alfândegas, enquanto ao lado de tudo isso o povo passa fome crónica, às vezes ensurdecida, cegada, emudecida e embevecida por sei lá quem.
Fonte: Notícias
1 comentário:
Quanta verdade, especialmente no ultimo paragrafo. Ate quando ira durar esta situacao? Quando os lideres africanos vao acordar e ter os interesses do povo e pais acima dos seus proprios?
Maria Helena
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