O Governo e a Renamo, principal partido de oposição, anunciaram esta segunda-feira, 04 de Agosto, que falta apenas clarificar um aspecto operacional da missão de observação internacional para o acordo sobre o fim da crise no país.
Falando na conferência de imprensa que se seguiu a mais uma ronda das negociações para o fim da crise política e militar no país, o chefe adjunto da delegação do Governo nas negociações com a Renamo, Gabriel Muthisse, afirmou que as duas partes chegaram a consenso sobre os mecanismos de garantia de implementação do acordo de cessão das hostilidades, faltando apenas resolver uma questão relacionada com os termos de referência da missão de observadores militares internacionais.
"Podemos informar que, em relação ao documento de princípios gerais, foi completamente consensualizado. Também lográmos consensualizar, na totalidade, o documento relativo às garantias, que ainda estava pendente. Nesse sentido, pode-se dizer que a sessão de hoje foi bastante positiva", afirmou Muthisse.
"Iniciámos também a revisão dos termos de referência dos observadores militares internacionais à luz dos últimos entendimentos e foram, na quase totalidade, consensualizados. Há um aspecto operacional, de detalhe sobre o qual o Governo pediu mais algum tempo para reflectir", disse o chefe adjunto da delegação do Governo.
Gabriel Muthisse escusou-se a entrar em pormenores sobre a divergência que ainda falta ultrapassar, dizendo apenas que as partes vão voltar a reunir-se para superar a questão pendente.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, afirmou que as duas partes já chegaram a consenso em relação às questões fundamentais em torno da crise político-militar, confirmando que falta apenas ultrapassar um aspecto relacionado com os termos de referência da missão de observadores militares internacionais.
"Hoje tivemos a ronda número 68 e queremos dizer que, em definitivo, o memorando de entendimento já foi elaborado, em definitivo as garantias também foram concluídas, mas falta ainda por concluir os termos de referência da missão de observação militar internacional e isso deve-se ao facto de o Governo ter pedido tempo para revisitar o número cinco dos termos de referência, que diz respeito ao organigrama do comando central da missão de observação internacional", afirmou Saimone Macuiane.
As negociações entre o Governo e a Renamo visam acabar com cerca de dois anos de crise política e militar no país, inicialmente desencadeada por divergências em torno da lei eleitoral, entretanto ultrapassadas com a aprovação de uma revisão legislativas, mas insuficiente para acabar com a crise, devido ao desentendimentos em relação ao desarmamento do movimento.
As divergências entre os dois lados levaram a confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e os homens armados da Renamo, bem como a ataques do movimento à circulação na principal estrada do país, alegadamente para cortar o abastecimento ao contingente militar que cerca a região, no centro do país, onde está refugiado o líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, desde que o seu acampamento foi tomado pelo exército em Outubro do ano passado.
Fonte: LUSA – 04.08.2014
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