sexta-feira, abril 25, 2014

O poder das armas de Afonso Dhlakama

MediaFax Editorial
Há pouquíssimo tempo, o vitalício e eterno presidente da Renamo e também candidato natural deste partido às presidenciais desde 1994, conseguiu obrigar o governo moçambicano a assinar o “acordo político” que resultou na “invenção” de uma nova lei eleitoral. É uma lei eleitoral que define uma composição extensa, complicada, dispendiosa e partidarizada dos órgãos eleitorais (CNE/STAE), respondendo assim a duas grandes preocupações da Renamo, na actualidade. Uma que tem a ver com a necessidade de acomodar economicamente os “seus”, e a outra que tem a ver, segundo a Renamo, com a necessidade de credibilizar os processos eleitorais, tendo em conta que a todos os níveis será possível ver in loco o que efectivamente acontece nos processos eleitorais.


Depois veio a Renamo exigir a paridade nas Forças de Defesa e Segurança. Tal como aconteceu aquando da exigência da paridade na composição dos órgãos eleitorais, a Renamo diz que só a paridade em todos os ramos da Polícia e da Defesa pode trazer a paz e tranquilidade efectivas ao país.

Nisto, o governo já reiterou não haver qualquer possibilidade de, um dia aceitar, as actuais exigências do partido de Afonso Dhlakama, alegadamente porque são exigências que ferem os mais básicos preceitos constitucionais.

Enquanto os posicionamentos continuarem extremados, o país continua a viver um ambiente de insegurança e medo, tendo em conta os tiroteios que são ouvidos de forma sistemática e quase permanente em muitas regiões de Sofala e não só.

A questão, neste momento, é saber até onde o governo irá resistir ou irá ceder perante as exigências da Renamo, isto por um lado. Por outro, até onde a Renamo vai conseguir “esticar a corda” no seu jogo de pressão. Um jogo de pressão que se resume no uso de armas que estão em sua posse.

Pelo sim, pelo não, a verdade é que as armas de Afonso Dhlakama estão a mostrar poder. Poder que já obrigou o país a adoptar uma nova lei eleitoral. É esse mesmo poder das armas de Afonso  Dhlakama que está agora a obrigar os órgãos eleitores a ceder e a mandar brigadistas para recensear Afonso Dhlakama no seu domicílio actual, cuja localização é “parte incerta” algures na Serra da Gorongosa.

Afonso Dhlakama, graças ao poder das armas em sua posse, também conseguiu definir e ver aceites as pré condições que colocou para a entrada de brigadistas nas zonas de conflito.

A principal pré condição é que os 27 brigadistas que compõem as 9 brigadas devem entrar nas zonas de conflito sem acompanhamento de segurança das Forças de Defesa e Segurança. Ele (Afonso Dhlakama) garante segurança aos brigadistas.

Tal e qual, assim deve acontecer. A ideia é que estes brigadistas recenseiem a ele (Afonso Dhlakama) e os seus homens, incluindo algumas populações que continuam fiéis às suas zonas de residência apesar dos tiroteios permanentes.

Entretanto, o registo eleitoral de Afonso Dhlakama, não é, de per si, garantia definitiva da realização de eleições “normais” a 15 de Outubro. É que a realização de eleições “normais” está muito dependente do fecho positivo do “diálogo político” que, até agora, apenas discutiu e concluiu o primeiro dos quatro pontos agendados.

O que está a acontecer (pressões e cedências) continuam a ser paliativos de um problema com raízes profundas. E o Governo e a Renamo não estão a encontrar caminhos para a sua efectiva resolução, numa altura que estamos em contagem regressiva para o dia da votação, 15 de Outubro.

Enquanto não se encontram soluções definitivas, Afonso Dhlakama e os “seus” vão exibindo verdadeiro poder das armas que tem em sua posse. Até quando??????



Fonte: MediaFAx – 25.04.2014

2 comentários:

Anónimo disse...

até quando só?

Anónimo disse...

Até quando a Frelimo aceitar a verdadeira democracia aqui em Moçambique.