Quatro indivíduos, dois dos quais da mesma família, foram executados sumariamente, na madrugada da última quarta-feira (19), por um grupo de indivíduos desconhecidos, nas margens do rio Namahita, povoado de Nabuco, localidade de Gazuzo, distrito de Murrupula, na província de Nampula. Uma das vítimas, que em vida respondia pelo nome de Mário Leveque, conhecido por sheik Suaha Janfari, era líder da comunidade islâmica naquela circunscrição e proprietário de uma mesquita.
De acordo com informações
colhidas pelo @Verdade, a operação foi protagonizada por indivíduos em número
não especificado, que vinham transportados em quatro viaturas, três das quais
de marca Toyota Land Cruiser e uma mini-bus, munidos de armas de fogo e usavam fardamento
da Força de Intervenção Rápida (FIR), o que se supõe tratar-se de agentes da Polícia
da República de Moçambique (PRM).
Sania Albino, esposa do sheik, e
testemunha do acto macabro, explica que, na madrugada da quarta-feira, foram
surpreendidos por indivíduos munidos de armas de fogo. “Eles cercaram a nossa
casa e, na altura, acabávamos de acordar para ir à mesquita fazer a primeira
oração.
Perguntaram se o meu marido era o
responsável da mesquita, tendo dito que sim. Daí, ele e um sobrinho que também
residia connosco foram amarrados e levados até ao rio. Ao longo do percurso,
recolheram outros dois cidadãos e, volvidos 30 minutos, vimos os homens da Polícia
a regressarem sozinhos”, conta. Na sequência deste acontecimento, a população
local criou uma comissão que seguiu os rastos da Polícia, tendo encontrado três
corpos a flutuarem no rio Namaitha, que apresentavam sinais de escoriações,
supondo-se que tenham sido esfaqueados e, posteriormente, baleados.
Devido ao acto macabro, a
população de Nabuco está a abandonar em debandada o povoado à procura de
regiões seguras, evitando que o pior venha a acontecer. Desde a passada quarta-feira,
a Escola Primária de Nabuco e o posto de saúde local encontram-se encerrados.
Entretanto, os homens da PRM,
assim como o chefe da localidade, abordados pelo nosso jornal, dizem que
desconhecem o facto, afirmando que vão contactar as entidades competentes para
a devida investigação.
De recordar que este é o segundo
acto relacionado com execução sumária de cidadãos a ser perpetrado por homens
da FIR na localidade de Gazuzo em Murrupula, sendo que o primeiro se deu em
Dezembro do ano passado, em que foram fuzilados três supostos homens armados da
Renamo. Size Panguene, porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula, quando
confrontado com a situação, disse que a informação não constitui verdade. Por
seu turno, Alzira Manhiça, administradora do distrito de Murrupula, contactada
telefonicamente a propósito, não avançou detalhes sobre o caso, alegadamente
por se encontrar numa reunião, tendo prometido pronunciar-se nos próximos
tempos.
Fonte: @verdade - 28.02.2014
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