Por Palmeirim Chongo
E eis que a nova DJ veio tocar a sua
musica em Maputo, por sinal a primeira discoteca em que actua fora de portas. No
inicio, como bons anfitriões era tudo sorrisos e som estava bom para valer. Mas
não é de repente os passos de dança começaram a falhar, alguns dançarinos que a
pouco pareciam eximios, a dado momento estavam a pisar os calos dos respectivos
pares. “But Why”? É que de repente no auge de um pandza, a DJ malawiana
resolveu misturar aquela desagradavel musica cujo refrão é a “navegabilidade
dos rios Zambeze e Chire”. Tudo indica que com esta musica pisam-se muitos
calos, calos que doem, calos a mistura com muito pato, que certamente vai
miguar se a ração/farelo não passar por uma certa geografia chamada
Nacala.
E foi
interessante ver o Mestre de Cerimónias Baloi na
STV, como um trapezista, se desdobrando em explicações, em relação a “gafe” da
nova DJ no “txiling” de hoje, quase ressuscitando um falecido de a pouco. Em
resposta rodou uma dzukuta bem conhecida cujo refrão é o estudo de viabilidade.
Por mais boa vontade, que a nova DJ tenha para agradar as plateias de Maputo, ela tem muitos fãs da sua própria discoteca lhe pressionando.
Por mais boa vontade, que a nova DJ tenha para agradar as plateias de Maputo, ela tem muitos fãs da sua própria discoteca lhe pressionando.
E não precisa
ser PHD para entender a geografia. Fantasma do tribalismo a parte, a que ter em
conta tem muito Chechewa/Nynja povoando a nossa patria amada desde Madimba até
Mutarara, passando por Milange, Morrumbala, Angonia, Mecanhelas, N´gauma,
Chifunde, Macanga e Tsangano, só para citar alguns territórios. É muito povão
que se identifica mais com os irmãos kwachas do que com os demais
moçambicanos.
Na verdade, o
meu o amigo José Sichinga, que vive em Milange, olha com alguma confusão, o
sofrimento que advém da grande volta que o seu primo caminonista Kelvin Phiri,
tem que dar para transportar combustivel, fertilizantes e outros bens do porto
da Beira para a terra dos seus irmãos.
E mais, o
José Sichinga moe o seu milho nas moageiras do outro lado da fronteira. Igualmente,
provoca lhe certa perplexidade, ver vezes sem conta as classes média e alta
quelimanense, incluindo a elite governamental a atravessarem a fronteira a
procura de cuidados medicos em Lilongwe.
Detalhes do
Moçambique real que passam despercebidos entre um trago de chivas e uns
tremoços na Sommershield
E o José
Sichinga não é burro...
Quem semea ventos...
Fonte: Grupo Diálogo sobre Mocambique
1 comentário:
Questionei a razão da oferta tipo caritas em apoio ao funeral de Wa Mutharica precisamente por causa disto. O que o povo malawiano precisa não é esmola, mas verdadeiras boas relacões com Mocambique. Para quem tem cruzado as fronteiras Malawi-Mocambique entende tudo quanto é o dilema de José Sichinga. Eu passei algumas vezes pela fronteira de Entre-Lagos/Naugi que até me convidou para muita curiosidade. Passei com gente para os diferentes sentidos que mudava língua e identidade...
Qual é o nosso problema com o Malawi? Ou é mais problema com tetenses e niassenses do que com Malawi? Se não fosse isso, porque é que as relacões com África do Sul e até com boers, apoiantes do apartheid, são sãs? Aliás parece-me que os racistas que viram-se sem espaco na África do Sul depois de 1994, têm muito espaco em Mocambique...
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