A proibição de passagem de pessoas e viaturas em algumas ruas e caminhos que dão acesso às praias públicas na costa marítima da província de Inhambane que, num passado recente, dividiu operadores turísticos estrangeiros e residentes locais em vários pólos turísticos daquela região do país, está de volta em Vilankulo, com o reaparecimento de cancelas que condicionam o pagamento de valores monetários para se chegar à praia.
Nos dias que correm, segundo escreve o jornal Notícias, chegar à marginal de Vilankulo pela zona da antiga maior unidade hoteleira local, o Hotel Dona Ana, passa necessariamente pelo pagamento de taxas que variam entre 20 e 50 meticais.
Se antigamente os protagonistas das cancelas eram investidores estrangeiros, que numa atitude marcadamente racista, proibiam os nacionais de usufruírem dos recursos locais, colocando chapas proibitivas com escritas tais como “No Black”, “Mina No Thinguile Zonk” e “Private”, actualmente, trata-se da empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), que investiu numa cancela na estrada recentemente construída pelo novo proprietário do Hotel Dana Ana e estabeleceu uma tabela de preços para todos aqueles que pretendam passar daquele local com destino à praia, na zona reservada a banhistas, bem como para aqueles cidadãos que querem apanhar embarcações com destino às ilhas de Benguerrua e Magarugue, no arquipélago de Bazaruto.
Segundo ainda o jornal Noticias, os CFM, além dos seus funcionários afectos à guarita do porto de pesca de Vilankulo, contratou guardas armados da empresa de segurança W. Power que, 24 sobre 24 horas por dia, de armas em punho, se ocupam das cobranças de dinheiro a todos aqueles que pretendem passar daquela via da praia.
“Levantar esta cancela são 50 meticais, se queres parar aqui no porto ou queres passar para passear pela marginal da praia, aqui cobramos isso”, disse um guarda da empresa de segurança W. Power que, na manhã do dia 06 de Maio corrente, esteve em serviço no porto de pescas dos CFM em Vilankulo.
O elemento da segurança, que se identificou de Alberto Langa, disse à nossa Reportagem que tem ordens para cobrar todas as viaturas que querem passar daquela zona, independentemente do objectivo e o destino.
A construção daquela cancela pelos CFM, numa estrada pública, em Vilankulo, está a levantar protestos dos banhistas, entre turistas nacionais e estrangeiros, já que aquele meio está a dificultar a normal circulação de pessoas e bens pela marginal, um dos principais pólos de atracção turística, ou seja, a varanda turística de Vilankulo.
“Não percebo porque é que esta empresa pública, ainda por cima moçambicana, está a cobrar às pessoas que querem ter acesso a coisa pública como é o caso da praia. Se ontem travamos guerra para a retirada das cancelas nas nossas praias pelos operadores turísticos estrangeiros, hoje é nossa empresa, os CFM, a construir cancelas e a proibir o acesso à praia. Já não sabemos onde é que vamos com isto”, disse Armando Vilanculos, residente de Vilankulo, para quem é necessário que o governo ponha cobro a esta situação.
Fonte: Rádio Mocambique - 15.05.2012
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