segunda-feira, janeiro 30, 2012

FRACASSA ELEIÇÃO DO PRESIDENTE DA COMISSÃO DA UNIÃO AFRICANA

Paul Fauvet da AIM, em Addis Abeba, Etiópia
(Mais detalhado)

Addis Abeba, 30 Jan (AIM) – A Comissão da União Africana (UA), o secretariado e órgão executivo desta organização continental, encontra-se actualmente sem um presidente, devido ao fracasso dos dois principais candidatos de conquistarem a maioria de dois terços.

As eleições para a presidência da Comissão tiveram lugar na manhã de hoje, em Addis Abeba, capital Etíope, durante a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da UA, um evento que decorreu a porta fechada.

Actualmente, a UA e’ composta por 53 países membros de pleno direito, o que significa que o candidato vencedor para presidir a Comissão da UA terá que conquistar pelo menos 36 votos.

Concorreram nas eleições, o incumbente Jean Ping, antigo ministro gabonês dos negócios estrangeiros, e a ministra sul-africana para administração interna, Nkosazana Dlamini-Zuma.

Ping concorria para um segundo mandato de quatro anos, com o apoio da maioria dos países da Africa Ocidental, enquanto Dlamini-Zuma era a candidata da Africa do Sul e de todos os países da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral.

Fontes próximas das eleições disseram a AIM que na primeira volta Jean Ping conseguiu reunir 28 votos, enquanto Dlamini-Zuma 25 votos.

Na segunda volta, um dos apoiantes de Ping decidiu mudar o seu voto, pelo que o resultado acabou quase num empate, ou seja 27 votos para Jean Ping e 26 votos para Dlamini-Zuma.

Na terceira volta, Ping conseguiu subir para 29 votos, enquanto que Dlamini-Zuma quedou-se em 23 votos. Nesta fase Dlamini-Zuma foi obrigada a se retirar em conformidade com os regulamentos da UA.

Contudo, isso não se traduziu na eleição automática de Ping, pois mesmo assim ele tinha que conquistar a maioria de dois terços para se declarado vencedor algo que não aconteceu.

Na quarta volta, apesar de Ping ter concorrido sem nenhum adversário, ele não conseguiu persuadir 36 Chefes de Estado e de Governo para votarem em si (fontes da AIM não foram capazes de revelar o número exacto de votos conquistados por Ping).

Este e’ o primeiro caso do género na história da UA, mas os estatutos prevêem esta possibilidade.

Assim, o vice-presidente da comissão da UA vai exercer as funções de presidente da comissão até a próxima Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, a ter lugar em Linlongwe, capital malawiana, em Julho próximo.

A semelhança do presidente, o vice-presidente da Comissão também deve ser eleito por uma maioria de dois terços. O queniano Erasus Mwencha, o vice-presidente incumbente da Comissão também concorre para um segundo mandato sem contestação.

Mesmo assim, a eleição não se trata de uma mera formalidade, pois se Mwencha também deverá reunir a maioria de dois terços. Se isso não acontecer a Comissão da UA estará mergulhada em sérias dificuldades.

Falando a imprensa moçambicana que se encontra a cobrir o evento, o secretário executivo da SADC, Tomaz Salomão, explicou que o fracasso na eleição do presidente e vice-presidente da Comissão também terá implicações no futuro dos oito comissários que também deveriam ter sido eleitos na manhã de segunda feira.

A Comissão opera observando um equilíbrio regional e de género. Por isso, a eleição de um homem ou mulher poderá ter implicar mudanças na composição da Comissão.

A Cimeira prosseguiu em sessão a porta fechada para além do tempo previsto, aparentemente numa tentativa para a busca de uma solução. A manhã de hoje, terminou, prosseguindo a sessão durante a tarde, e o futuro da Comissão ainda continuava incerto até a hora da edição desta notícia.
(AIM)
Pf/sg

Fonte: (AIM) - 30.01.2012

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