Maputo, 31 jan (Lusa) - A Comunidade Islâmica de Moçambique manifestou-se hoje "preocupada" com o fenómeno de sequestros de cidadãos de origem asiática, nomeadamente dos seus membros, que já "forçou algumas vítimas e familiares a saírem temporariamente do país por susto".
Desde o ano passado que casos de raptos e pedido de resgate de cidadãos de origem asiática, maioritariamente pertencentes à comunidade islâmica residente em Moçambique, têm sido reportados pela imprensa moçambicana, que, aliás, acusa a polícia de não esclarecer devidamente o assunto.
Na sua edição de hoje, o jornal eletrónico Diário de Notícias, de Maputo, refere que "ontem (segunda feira), em pleno Cemitério de Lhanguene, na cidade de Maputo, dois empresários foram raptados quando faziam uma visita a uma campa de um familiar em plena luz do dia".
Segundo a publicação, os empresários, tio e sobrinho residentes na cidade da Beira, centro do país, e proprietários da empresa Vidreira de Moçambique, identificados por Abdul Cadir e Gulzar Sattar, foram sequestrados por quatro indivíduos.
A publicação diz que "devido a esta crescente onda de crime, a Comunidade Mahometana pede à Polícia para despertar, porquanto, já lá vão cerca de 15 empresários moçambicanos de origem indiana raptados e a Polícia nunca descobre as redes criminosas".
Em dezembro, o proprietário da Sociedade Moçambicana de Ferragens (SOMOFER), uma das mais conhecidas empresas de comércio de material de construção em Maputo, de origem asiática, foi raptado por três indivíduos desconhecidos, munidos de armas de fogo.
Falando hoje à Lusa, o presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, Abdul Carimo, disse desconhecer o caso reportado pela imprensa, mas manifestou-se preocupado com o fenómeno que, só no último ano, diz ter atingido "pelo menos 10 membros" da Comunidade Islâmica moçambicana.
"Tenho conhecimento de que algumas vítimas e familiares saíram temporariamente do país por susto", disse Abdul Carimo, assinalando que estes tomaram esta decisão por se sentirem inseguros e por não obterem esclarecimento da polícia.
Abdul Carimo disse acreditar que as autoridades moçambicanas estão "a fazer alguma coisa" em relação ao assunto, mas lamentou o fato de não se estarem a ver os resultados deste trabalho.
"Esta é uma situação que está a ser encarada do ponto de vista da comunidade islâmica, ou de cidadãos de origem asiática, mas acho que este é um problema coletivo, de todos os cidadãos, porque o que está em causa é a segurança dos cidadãos", disse.
"Devia haver uma maior ação por parte das autoridades moçambicanas", exortou.
Lusa/Fim in Notícias Sapo - 31.01.2012
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