ALGUMAS centenas de manifestantes exigiram no sábado, em Berlim a demissão do Presidente alemão, Christian Wulff, brandindo sapatos nas mãos, numa referência aos protestos da "primavera árabe". "Só queremos mostrar-lhe os sapatos, não vamos atirar-lhos", disse à agência EFE, Jurgen Janen, porta-voz dos manifestantes, que se concentraram às portas do palácio presidencial, na capital alemã.
O motivo da fúria dos manifestantes era o envolvimento de Wulff, num escândalo financeiro e mediático. Na origem do caso está um empréstimo particular de 500 mil euros para compra de casa contraído por Wulff junto de um empresário, a juros mais baixos do que os do mercado, quando ainda era o líder da Baixa-Saxónia, em 2008.
O tablóide “Bild” preparava um artigo sobre o caso quando, a 12 de Dezembro, Wulff deixou uma mensagem no correio de voz de um editor do jornal, Kai Diekmann.
O “Bild” – jornal mais vendido da Alemanha - não divulgou ainda o conteúdo da mensagem. Em carta enviada ao chefe de Redacção do “Bild”, e entretanto publicada pela presidência alemã, Wulff justifica a sua recusa em autorizar a divulgação da gravação alegando que as suas palavras foram proferidas "num momento altamente emocional", e eram apenas destinadas a Diekmann. "Já lhe apresentei desculpas pessoalmente, e o senhor aceitou as minhas desculpas e agradeceu-as, a questão entre nós ficou sanada, e no meu entender assim deve ficar", afirma Wulff na carta.
Proposto pela chanceler Angela Merkel para suceder ao anterior Chefe de Estado, Horst Koehler, que se demitiu inesperadamente a meio do segundo mandato, Wulff viu a sua popularidade muito abalada com este escândalo, mas recusou demitir-se, na entrevista que deu na quarta-feira às duas cadeias da televisão pública.
Na Alemanha, o PR só tem funções representativas e a sua arma é a credibilidade e a autoridade moral, para poder pronunciar-se sobre os grandes temas da sociedade.
Os partidos da coligação alemã negaram no sábado notícias de que estariam em curso negociações para escolher um sucessor, caso Wulff decida demitir-se.
A chanceler alemã, Angela Merkel, já reafirmou a sua “estima” por Wulff e negou informações publicadas no sábado pela Imprensa local, segundo as quais ela estaria a discutir com os parceiros da coligação governamental, potenciais nomes para suceder o Presidente da República.
Fonte: Notícias - 09.01.2012
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