Kano, Nigéria - Ataques coordenados com bombas contra as forças de segurança e tiroteios custaram a vida, na sexta-feira, de 80 pessoas, provocando o caos em Kano, a segunda maior cidade da Nigéria, cujas ruas estavam cheias de cadáveres neste sábado.
As primeiras informações falavam de 28 mortos, mas no necrotério de Kano se amontoavam os corpos de 80 pessoas, na sua maioria com marcas de tiros, enquanto uma centena de pessoas aguardava no lado de forma para recolher os restos mortais dos seus parentes.
Foi imposto um toque de recolher de 24 horas em Kano, a maior cidade do norte da Nigéria, de maioria muçulmana, presa à violência na sexta-feira ao anoitecer, com ataques contra oito delegacias de polícia e escritórios de imigração ou residências.
O principal jornal do norte da Nigéria indicou na sua edição deste sábado que um suposto porta-voz do grupo islamita Boko Haram havia reivindicado estes atentados, afirmou que era uma resposta à negativa das autoridades de libertar os seus membros detidos.
Muitos ataques deste tipo no norte da Nigéria foram atribuídos ao Boko Haram.
Foram ouvidas cerca de 20 explosões em Kano, enquanto um camicase atacava uma delegacia. O carro-bomba explodiu em frente à delegacia depois que o atacante fugiu e a polícia o matou a tiros, segundo fontes policias.
Muitas outras delegacias foram atacadas, incluindo um prédio do serviço secreto, assim como os escritórios de imigração.
Foram ouvidos disparos em várias regiões. Um jornalista da televisão local se encontrava entre os que morreram pelos disparos quando cobria os actos de violência. Acredita-se que ao menos 11 oficiais de polícia estão entre os mortos.
"Estou a caminhar pelas ruas do meu bairro", declarou à AFP Naziru Muhammad, um morador de Kano, muito perto do quartel da polícia, um dos alvos atacados na sexta-feira.
"Entre a minha casa e a delegacia, nesta rua, contei 16 cadáveres no chão, entre eles de seis policias", explicou.
Uma fonte policial que solicitou o anonimato indicou que dois policias morreram num ataque contra uma delegacia e uma fonte médica disse que um membro do exército e uma menina perderam a vida neste ataque.
Outras duas pessoas, incluindo o camicase e o jornalista nigeriano, também morreram, de acordo com um balanço fornecido na sexta-feira à noite pela AFP a partir de testemunhos.
A fonte policial indicou que "o número de mortos chega a dezenas", mas não pôde fornecer um número preciso.
Neste sábado começavam a ser obtidos detalhes dos atentados, nos quais aparentemente participaram pelo menos dois atacantes suicidas.
Estes ataques, depois que Kano havia escapado até agora da onda de violência atribuída ao Boko Haram nos últimos meses, fizeram com que os habitantes fugissem das suas casas por medo do futuro.
O presidente Goodluck Jonathan declarou o estado de emergência no dia 31 de Dezembro em sectores de quatro estados onde foram registados ataques que foram atribuídos ao Boko Haram.
Kano não estava incluída no estado de emergência e não havia sido afectada por nenhum dos últimos ataques importantes, que, na sua maioria, ocorreram no nordeste do país.
A Nigéria, o país mais povoado da África (cerca de 167 milhões de habitantes) e seu maior produtor de petróleo, está dividida entre o norte, maioritariamente muçulmano, e o sul, predominantemente cristão.
Por outro lado, duas explosões sacudiram a cidade de Yenagoa, no estado natal de presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, mas não foram reportadas vítimas, anunciaram o gabinete do governador e uma fonte militar neste sábado.
As explosões ocorreram depois dos ataques em Kano, mas o governador afirmou que as explosões de Yenagoa estavam vinculadas às próximas eleições.
Fonte: Angola press - 21.01.2012
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