Docentes da Universidade Mussa Bin bique demitem-se em bloco

Devido ao alegado ambiente tenso, causado pelo respectivo reitor

Na tentativa de colher a reacção do reitor, o mesmo agrediu fisicamente o operador de câmara da STV. A demissão foi acompanhada por uma greve pacífica levada a cabo pelos estudantes.

Docentes da Universidade Mussa Bin Bique em Nampula, propriedade do Centro de Formação Islâmica, demitiram-se em bloco na passada terça-feira, na sequência do alegado ambiente turvo que se vive no seio da direcção daquela instituição, facto que, segundo eles, para além de descredibilizar a respectiva instituição, afecta a qualidade dos graduados. A demissão foi acompanhada por uma greve pacífica levada a cabo pelos estudantes, que culminou com um motim exigindo explicações claras da situação em causa naquela universidade.

Ibraimo Chapide, porta-voz dos docentes, aponta dentre as várias reclamações o afastamento de alguns docentes que são considerados espinha dorsal daquela instituição em detrimento de outros professores recentemente contratados e que mal leccionam. Por outro lado, coloca-se em causa a questão de alegados atrasos sistemáticos no pagamento de ordenados; falta de consideração do suposto reitor para com os docentes; despedimentos arbitrários; falta de contratos de trabalho, entre outros.

Num outro desenvolvimento, o porta-voz dos demissionários diz ainda ter conhecimento que o reitor, Freitas Delgado, nunca frequentou nenhuma instituição do ensino superior, contrariando àquilo que são as exigências do sector de educação, sobre as nomeações para aqueles cargos. A fonte adianta que face a esta situação, Freitas Delgado, reitor da Mussa Bin Bique, teria sido escorraçado das universidades Pedagógica e Católica de Moçambique, onde passou como docente, por não apresentar documentos comprovativos de conclusão do nível superior.

“Desde que o senhor Freitas Delgado assumiu a reitoria da Mussa Bin Bique nada andou bem neste estabelecimento de ensino. tratando-se duma instituição que forma quadros de nível superior, não há políticas claras que possam dignificar a qualidade de ensino actualmente exigida no país.”

O nosso interlocutor acusa ainda a actual direcção de estar mergulhada numa autêntica gestão ruinosa e que serve apenas para satisfazer aos interesses de algumas pessoas tidas como membros do Centro de Formação Islâmica - os mesmos que nomearam o actual reitor. A título de exemplo, Ibraimo Chapide frisou que alguns docentes que estiveram envolvidos nas comissões científicas e de exames ainda não foram pagos os seus subsídios, incluindo os salários do mês de Março último.

Fonte: O País online - 08.04.2011