O COMANDANTE do pelotão da Força de Intervenção Rápida e os agentes operativos que violentaram os trabalhadores grevistas da G4S estão a ser ouvidos em liberdade pela comissão de inquérito.
A comissão foi criada pelo Ministério do Interior para apurar o grau de responsabilidade no uso excessivo da força contra um grupo de trabalhadores da G4S que se manifestavam quarta-feira passada contra algumas irregularidades protagonizadas pela entidade patronal.
Contrariamente ao que vinha sendo propalado, uma fonte do Comando-Geral da PRM assegurou ao nosso Jornal que nenhum dos agentes da FIR está detido.
“Até aqui nenhum agente da FIR foi detido. Todos estão em liberdade. Ainda estão sob averiguações, a partir do comandante do pelotão, passando pelo chefe do posto, até aos operativos que directamente estiveram envolvidos nos espancamentos. Findo o processo, estaremos em condições de dizer quem são os verdadeiros culpados e, consequentemente, daremos andamento aos processos de modo a que sejam responsabilizados” – disse ontem a nossa fonte.
Soubemos também que os 24 vigilantes da G4S detidos no dia da greve continuam encarcerados na 18ª Esquadra da PRM na cidade do Maputo, de onde aguardam os trâmites legais dos seus processos.
Castigo Meque, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Segurança Privada, não confirmou ao nosso Jornal informações postas a circular no fim-de-semana, dando conta que um dos grevistas detidos teria perdido a vida. Segundo ele, das diligências feitas ontem junto da 18ª Esquadra e do Hospital Central de Maputo não foi possível apurar tal facto.
“O que posso dizer é que o trabalhador está gravemente ferido. Foi o que mais sofreu, sobretudo nas pernas. Foi assistido dentro das celas por um médico do Ministério do Interior, mas que eu saiba ele não perdeu a vida” – disse.
O sindicalista anunciou que a ministra do Trabalho, Helena Taipo, vai reunir-se hoje, às 12 horas, com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Empresas de Segurança Privada, a direcção e os agentes grevistas da G4S.
Entretanto, cinco dias após o incidente, as reacções à atitude dos agentes da FIR continuam a ser emitidas. Num comunicado de Imprensa enviado à nossa Redacção, a Liga Moçambicana dos Direitos Humanos destaca a necessidade de se apurar os responsáveis, não só materiais, mas também os mandantes do acto que levou os agentes da FIR a descarregarem sobre os trabalhadores manifestantes. Consequentemente, segundo a Liga, os autores devem ser responsabilizados criminal e disciplinarmente.
Fonte: Jornal Notícias - 11.04.2011
2 comentários:
O que aconteceu foi vergonhoso. Os autores merecem uma pena exemplar, para que mais ninguem repita o que aconteceu.
Os sinais são de que não serão punidos. É hábito.
Porquê os grevistas ainda na cadeia enquanto que aqueles selvagens da FIR ninguém os mexe?
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