DIALOGANDO
Por Mouzinho de Albuquerque
A nomeação de novos administradores distritais e exoneração de outros, na província de Nampula, tem sido, sempre, tema de conversas e de diversas interpretações, algumas das quais nos apresentam questionamentos no que respeita principalmente ao perfil ideal e percurso político deles para corporizar essa liderança e fazer crescer as esperanças dos residentes locais.
Sendo cidadão deste país, achei que não podia, não devia e nem posso ficar à margem deste debate e é por isso que me proponho aqui, tecer algumas reflexões na tentativa de também contribuir para o bem da nossa administração pública. Aliás, tal como porventura poderá acontecer com outros concidadãos, o fascínio pela boa governação é motivo que me leva também a questionar os requisitos que são tidos em conta para a nomeação de um administrador distrital em Nampula.
Mais novas nomeações e exonerações de administradores distritais acabam de acontecer em Nampula, concretamente nos distritos de Moma e Lalaua. No primeiro “caiu” inesperadamente (?) Daniel Ramos, tendo sido substituído por Araújo Momade, transferido do distrito de Lalaua, para onde foi nomeado José Nkeka, que antes de assumir esta função era director da Escola Secundária de Namicopo, o bairro mais populoso da cidade de Nampula.
É de salientar o facto de todos estes quadros serem trabalhadores do sector da Educação. Ou, por outra, à semelhança do que poderá acontecer noutros pontos do país, na província de Nampula a maior parte dos administradores distritais que são nomeados pelo Governo, são do sector da Educação. É evidente que as escolas devem ser dirigidas por professores, pois as escolas são centros educativos e os professores é que entendem da Educação. Mas é preciso perceber também que os professores e outros funcionários da Educação podem não entender o que é administrar um distrito, como Lalaua, por exemplo.
Há casos demonstrativos que, às vezes, é um erro colocar educadores como “timoneiros” de distritos, pelo menos aqui em Nampula. Um administrador distrital deve, desde logo, compatibilizar diferentes interesses e sensibilidades, não raras vezes antagónicas e mesmo conflituantes, ainda num país democrático como o nosso. Porém, nomear um administrador para Lalaua, que já foi director de uma grande escola secundária, como a de Nampula, onde não conseguiu gerir os seus problemas e impor a ordem, é trocar um erro por outro erro. Certamente um erro menor por um erro maior.
O que questiono é a aparente injustiça de misturar administradores verdadeiramente bons, com outros manifestamente contribuintes para o fracasso da governação distrital. Isto para dizer que é de admirar, por exemplo, que alguns directores de escolas e outras instituições apáticas e que primam pelo mau funcionamento tenham sido nomeados para dirigir distritos.
As pessoas só perceberão que o novo administrador é uma alternativa credível de governação distrital, se para isso forem expostas as diferenças entre o antigo e novo, o que não parece estar a verificar-se. E porque não há nenhuma doença para a qual Deus não haja previsto para a sua cura, vamos esperar que os administradores dos distritos de Nampula nomeados, façam algo para “curar” as doenças do desenvolvimento dessas regiões, priorizando a política de proximidade cada vez maior entre o cidadão e o administrador.
Mouzinho de Albuquerque
Fonte: Jornal Notícias - 20.04.2011
Sem comentários:
Enviar um comentário