Conakry, Guiné (PANA) – A detenção do Presidente ivoiriense cessante, Laurent Gbagbo, segunda-feira em Abidjan, foi saudada em vários bairros em Conakry, a capital da Guiné, onde apoiantes e detratores do chefe de Estado destituído indicam em coro que este pagou pela “sua obstinação”.
Os dois campos consideram que o Presidente cessante teria podido sair pela porta grande se tivesse aceitado a sua derrota face a Alassane Dramane Ouattara, considerando que a sua obstinação de se manter no poder custe o que custar ejetou-o num « oceano de humilhação”, após a sua detenção.
Os eventos pós-eleitorais ivoirienses são minucionsamente acompanhados na Guiné devido à proximidade dos dois países e à presença maciça de cidadãos guineenses na Côte d’Ivoire há várias décadas.
Durante uma entrevista à PANA, Guineenses, nomeadamente alguns que viviam na Côte d’Ivoire, indicaram estar satisfeitos com a rendição de Gbagbo, após o massacre de várias centenas de pessoas, incluindo compatriotas que não conseguiram regressar ao país no momento oportuno.
"Se Gbagbo não tivesse sido detido, independentemente das circunstâncias, a ditadura teria tido ainda lindos dias diante dela em África onde qualquer Presidente vencido num escrutínio presidencial poderia procurar manter-se no poder. É bom que ele esteja vivo para poder responder pelos seus inúmeros crimes odiosos”, sublinhou A Diallo, jubilante, antes de indicar ter abandonado o seu esposo e os seus bens que foram pilhados em Abidjan.
Ela sublinhou viver ainda lembranças atrozes da liquidação física por milícias pró-Gbagbo de simples cidadãos, incluindo vizinhos dela no bairro popular de Abobo, destruído por engenhos pesados das forças armadas, fiéis ao Presidente cessante.
Pelo contrário, os apoiantes de Gbagbo, denunciando a sua obstinação, revelam contudo que as forças francesas da Licorne ultrapassaram as suas prerrogativas após « a sua contribuição positiva » na deterioração da situação e na queda do seu ídolo.
Eles consideram que a tarefa não será fácil para Ouattara na sua tentativa de reconciliar os Ivoirienses, nomeadamente « os dececionados » do campo do Presidente cessante que sonharam durante muito tempo com a vitória do seu candidato.
Todas as tentativas de fazer reagir um líder político guineense foram em vão.
Só o antigo primeiro-ministro da transição, Jean Marie Doré, declarou recentemente à imprensa que protestava energicamente contra a « intervenção das forças francesas » num conflito africano que, segundo ele, devia ser resolvido pelos chefes de Estado africanos.
Desde os primeiros tiros ocorridos na capital ivoiriense na sequência da publicação dos resultados das presidenciais pelo Conselho Constitucional, concedendo a vitória a Gbabgo em detrimento de Ouattara, declarado vencedor pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), centenas de Ivoirienses atravessaram a fronteira para encontrar refúgio na Guiné, nomeadamente na sua parte meridional.
O Presidente da Guiné, Alpha Condé, instou as autoridades locais a facilitar o acesso do território nacional às pessoas fugidas dos combates pós-eleitorais, mas advertiu contra a entrada de armas no país.
Fonte: Pana press - 13.04.2011
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