Devia ter estado cinco anos no poder, mas esteve dez. Uma guerra civil e muitos mortos depois, foi detido esta segunda-feira.
Laurent Gbagbo nasceu em Mama a 31 de Maio de 1945. Historiador e professor, passou 20 anos na oposição e dez no poder na Costa do Marfim. Esta segunda-feira, após cinco meses a recusar sair do cargo, foi detido por militares franceses e entregue aos líderes da oposição.
Na escola chamavam-lhe «Cícero», porque era um amante do Latim, e desde cedo foi reconhecido o seu gosto pela música e pela boa comida.
Identificado como professor de ideologia marxista, esteve preso por «ensinamentos subversivos», entre 1971 e 1973, e completou depois o seu doutoramento em História, em Paris. Começou a ganhar o gosto pela política ao formar a Frente Popular Marfinense (FPI), em 1982.
Gbagbo esteve seis anos exilado em França e regressou em 1988 para ser eleito secretário-geral do seu partido. Começou aqui uma forte oposição ao primeiro presidente da Costa do Marfim, Felix Houphouët-Boigny, contra o qual concorreu logo em 1990, saindo derrotado.
Crescendo como membro da Assembleia Nacional do país e presidente da FPI, tornou-se um nacionalista.
A inevitável vitória nas presidenciais ocorreu em Outubro de 2000. Robert Guéï, que tinha realizado com sucesso um golpe de estado em 1999, afastando Konan Bedié da presidência, foi o derrotado. Alassane Ouattara já era um dos nomes falados na altura, mas a sua candidatura foi recusada.
Curiosamente, tal como agora, Guéï reclamou vitória nas presidenciais, mas acabou assassinado.
Os primeiros anos de presidência ficaram marcados por uma guerra civil, em 2002, na qual os apoiantes de Ouattara foram violentamente reprimidos.
O presidente ordenou vários ataques aéreos contra os opositores e, num deles, em 2004, morreram nove soldados franceses, originando um conflito com o país colonizador.
O seu mandato devia ter terminado em 2005, mas a instabilidade na Costa do Marfim adiou as eleições até Novembro de 2010. A Comissão de Eleições declarou Alassane Ouattara como vencedor, um resultado reconhecido pela comunidade internacional, mas Laurent Gbagbo não aceitou a derrota e auto-proclamou-se presidente, sustentando esta decisão no parecer do Conselho Constitucional do país.
Os últimos meses ficaram marcados por vários episódios de violência contra os seus opositores, nos quais terão morrido centenas ou mesmo milhares de pessoas, enquanto o presidente se refugiou num hotel em Abidjan, sob protecção das Nações Unidas, onde foi esta segunda-feira capturado.
Fonte: TVI24 - 11.04.2011
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