sexta-feira, outubro 10, 2014

Movimento sindical moçambicano aconselhado a “desligar-se do sistema”

Quando a OTM-CS prepara-se para comemorar 38 anos de existência, o economista Ragendra de Sousa entende que a organização deve ser restruturada para responder aos desafios actuais do mercado laboral. É que a OTM continua agarrada à mentalidade de gestão implementada na década de 1970, nos tempos do socialismo, quando a economia funciona hoje em moldes capitalistas.

O economista Ragendra de Sousa defende que é necessário fazer mudanças profundas na Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM), para se adaptar à realidade actual. O académico defende ser preciso refrescar os quadros, para tornar a organização mais interventiva e reivindicativa.


De Sousa explica que, na altura da criação da Organização do Trabalhador Moçambicano, em 1976, os trabalhadores é que comandavam e as políticas públicas beneficiavam esta classe, isto porque havia no país o regime de partido único e os salários eram fixados a nível central. A ideia era consciencializar os trabalhadores para a disciplina e produtividade.

O economista entende que, com a economia de mercado e o surgimento do multipartidarismo, a função da OTM deve mudar, porque começam as negociações laborais, onde os trabalhadores e os empregadores possuem interesses próprios. E é preciso haver pessoas desligadas ao sistema antigo de gestão, para que a organização funcione.

“A OTM não é fruto da organização espontânea dos trabalhadores, mas uma criação da Frelimo, é braço do partido. Havendo a transição para a economia de mercado, há sindicatos não ligados à OTM. Nesse sentido, é necessário que a própria cúpula dos dirigentes habituados à gestão centralizada se afastem da organização”, defende o economista Ragendra de Sousa.

Na óptica do economista, o afastamento dos quadros antigos, que estavam a serviço do partido, numa linha socialista de gestão da OTM, podia refrescar a organização, torná-la mais negocial e mais sindical.

A Organização dos Trabalhadores de Moçambique – Central Sindical (OTM-CS) completa 38 anos de existência no dia 13 deste mês, numa altura em que enfrenta vários desafios a nível económico e social.

Permitir que os trabalhadores beneficiem, efectivamente, da segurança social que lhes é descontada é um dos principais problemas. É que, em muitos casos, os trabalhadores contribuem para a segurança social, mas os empregadores não direccionam a contribuição ao Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).


Fonte: O País in Club of Mozambique - 10.10.2014

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