Jorge Arroz, presidente da Associação Médica de Moçambique, manda recados à Ordem dos Médicos e pede solidariedade na classe.
Os médicos mantém o braço-de-ferro com o Governo e dizem que só recuam se as negociações forem retomadas. No meio do impasse, há a guerra dos números: o governo diz que não há défice, enquanto os médicos falam de mais de 90% de adesão. Números à parte, a situação começa a preocupar nos principais centros urbanos. Jorge Arroz, o rosto da greve, lança uma mensagem de união: “temos de deixar de procurar safarmo-nos individualmente à custa de outros colegas”.
Os discursos dos responsáveis dos hospitais e das autoridades da Saúde a todos os níveis tentam amenizar a situação. O alinhamento é comum em todo o país: a situação está controlada, os médicos em falta foram substituídos e os serviços mínimos estão garantidos.
Nos hospitais visitados pelo “O País” - Hospital Central de Maputo, Hospital Geral José Macamo, Hospital Central da Beira, Hospital Central de Nampula, Hospital Provincial de Inhambane, Hospital Provincial de Xai-Xai, só para citar alguns exemplos -, apuramos, junto aos directores e porta-vozes, que foi montado um esquema que permite cobrir a ausência dos médicos que aderiram à greve.
De alguns responsáveis, que pediram anonimato, “O País” soube que estão em constante comunicação com as direcções de que se subordinam, a Polícia da República de Moçambique, Serviços de Informação de Segurança do Estado, entre outros órgãos, que tentam controlar a circulação de informação para impedir que o real impacto da greve chegue ao público.
Há ainda relatos de ameaças aos médicos grevistas, particularmente na Zambézia, onde o porta-voz da Associação Médica, Lino Mongilicao, se queixa de poder vir a ser transferido para Tete, caso convide os colegas à rua com o objectivo de pressionar o governo.
A directora provincial da Saúde na Zambézia reagiu às acusações, afirmando que foi o próprio porta-voz da Associação Médica que produziu uma carta de pedido de transferência.
Em Maputo, a Associação Médica fez circular um email, onde aconselha os médicos ameaçados a denunciarem os casos para que tenham tratamento judicial.
No meio da confusão, há também o jogo dos números. O governo minimiza e diz que o número de médicos em serviço é suficiente, enquanto a Associação Médica avança que mais de 90% dos médicos aderiram à greve.
Fonte: O País online – 09.01.2013
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