Estava aqui a ler o artigo do jornalista Gustavo
Mavie, director da Agência de Informação de Moçambique (AIM), intitulado
“Ensaio sobre Demagogia: Elísio Macamo tem razão quando diz que há demagogia na
condenação à festa do 70º aniversário de Guebuza”. No referido artigo, o
jornalista diz, dentre outras coisas, o seguinte e passo já a citar:
1. “A excepção dos
indivíduos que possam estar a criticar aquela festa porque estão mal informados
(...) acredito que há efectivamente os que fazem essas críticas por mera e
deliberada demagogia, convencidos que, com isso, irão ganhar o poder político,
ou então ajudar os partidos que defendem a conquistar o poder que há 38 anos
está nas mãos da Frelimo de Guebuza.”
2. “Eu por acaso
fui uma das pessoas que, juntamente com alguns colegas jornalistas participamos
no evento, e não me pareceu uma festa cara quando comparada com aquilo que o
aniversariante fez para nós seus compatriotas.”
3. “A festa do
aniversário de Guebuza foi na essência um simples almoço. Os pratos consistiam
na sua maioria de arroz, feijoada, matapa, cacana, chiguinha, mukapata,
nhangana, carril de amendoim, algum camarão, carne de vaca, de porco e de
galinha e algumas saladas e frutas da terra, ou seja aquilo que nos como
cidadãos comuns comemos todos os dias.”
4. “Quanto a mim,
Guebuza, bem como todos os vivos e mortos que nos resgataram da trágica noite
colonial e racista, merecem de nós mais e abundantes festas e homenagens,
porque são uma das formas de os agradecermos. [...] Merecem porque sem eles,
poderíamos estar ainda na cova da morte comum em que os nossos multiplicados
inimigos nos tinham atirado passavam 500 longos anos.”
5. “É demagogia
considerar Guebuza de insensível, quando a sua sensibilidade ficou mais do que
comprovada ainda muito jovem, quando deixou tudo e enfrentou todos os riscos e
até prisões, e caminhou muitas vezes a pé, até conseguir ir juntar-se à Frelimo
em Dar-es-Salaam em 1963, para lutar contra o colonialismo.”
6. “É demagogia
acusar Guebuza quando foi ele que uma vez mais, viria a aceitar, 16 anos após
voltar da luta pela independência, deixou de novo tudo e ir fixar-se em Roma,
onde negociou com a sua sabedoria, durante mais de dois anos, a Paz de que
desfrutamos agora há mais de 20 anos.” Depois de eu me fartar de rir (ri-me
mesmo, heheheheheheheheh), fiquei aqui a conversar com os meus próprios botões
concretamente sobre estes 6 pontos que citei e saiu-me isto, seguindo a mesma
ordem do autor:
1. Se, para
Gustavo Mavie, os que criticaram o BANQUETE DOS INSENSÍVEIS estão mal
informados, o que é que ele fez para os informar, antes ou depois do mesmo se
realizar? Em nenhum momento ele informa sobre o CUSTO da festa, sobre a
PERTINÊNCIA DA TVM A TER TRANSFORMADO EM ASSUNTO DE INTERESSE NACIONAL e sobre
a ORIGEM DOS FUNDOS que financiaram a festa e a transmissão da mesma em
directo, em canal público e durante quase todo o dia (sim, disse apenas que
algumas hortaliças e cereais foram doados, tendo o resto sido adquirido no
“mercado do Xipamanine” e num valor que merecia o “estatuto do Grande Líder”).
Mais ainda,
Gustavo Mavie diz que outros cidadãos criticaram os comeretes e beberetes na
Ponta Vermelha porque estão desesperados em ocupar o lugar de Guebuza na
Presidência e da Frelimo no poder. Do estilo eu, Edgar Barroso, indignei-me
pública e abertamente contra aquele INSULTO PÚBLICO porque quero ser Presidente
da República! E que os milhares de cidadãos que repudiaram o veementemente
querem ser deputados, ministros e directores da AIM!
Kakakakakakakakakakakakakakakakakakkakakakakakakah...
2. Para o Gustavo
Mavie, o BANQUETE DOS INSENSÍVEIS não foi nada faustoso porque Guebuza lutou
contra o colonialismo português. Os seus gastos pessoais de HOJE devem ser
custeados pelos nossos impostos HOJE, sem que pestanejemos, zurremos ou miemos,
pura e simplesmente porque Guebuza esteve em Nhachingweia ONTEM! Francamente...
Só dos nossos impostos, quanto é que ele recebe como Presidente da República?
Quanto é que ele recebe como Antigo-Combatente?
Quanto é que ele
tem como fortuna pessoal fruto do seu “empreendedorismo de sucesso”?! Para onde
é que vai esse dinheiro? Tem mesmo ainda de ser sustentado pelos impostos
daquelas mamanas e vendedores ambulantes que, volta e meia, os seus agentes
repressores os escorraçam das ruas? Tem mesmo de ter os seus caprichos pessoais
sustentados pelos impostos que eu pessoalmente pago, de forma regular e
devida?! Poupe-nos...
3. O Gustavo Mavie
diz que os mil “donos do país” que estiveram no BANQUETE DOS INSENSÍVEIS
comeram e beberam tudo o que CIDADÃOS COMUNS consomem, no seu dia-a-dia. Ah, é?
Pode, um dia desses, o Gustavo Mavie acompanhar-me lá para o bairro de Tsalala
onde vivo e mostrar-me com os seus próprios dedos os CIDADÃOS COMUNS que lá
comem “algum camarão” no seu dia-a-dia? E o que tem a dizer sobre os WHISKIES
DA MINHA IDADE (ou muito mais velhos) que estiveram lá nas mesas da festa do Guebas?
Há também disponíveis lá no Contentor Amarelo do meu bairro, para todo e
qualquer bolso do CIDADÃO COMUM?! Tsk.
4. O ilustre
Gustavo Mavie diz que Guebuza e os “donos do país” merecem TODAS AS FESTAS,
REGALIAS E LUXÚRIAS DE MOÇAMBIQUE porque, sem eles, ainda estaríamos
colonizados... Diz juro?! Estaríamos como quem, a Palestina? Todo o cidadão com
a 8ª Classe feita (pelo menos os da minha geração ou das anteriores) sabe que
processo de descolonização em África era irreversível, naquela altura, e que se
não tivessem sido os “donos do país” a zarpar para a Tanzania outros o seriam,
indubitavelmente.
Deu com os burros
n´água aqui... E mais ainda, será que só por terem nos libertado do
colonialismo (oportunisticamente ou não), estarão eles no direito inalienável
de EXPLORAR O POVO QUE LIBERTARAM POR TEMPO INDETERMINADO?! Sob todo e qualquer
pretexto?
5. Diz o Gustavo
Mavie que é demagogia dizer que Guebuza é insensível ao sofrimento do povo
porque ele deu a juventude e andou à pé pelo povo! KAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAKAH...
É muita ingenuidade para um homem da sua idade, ilustre compatriota! Então o
Edgar de hoje não pode ser assaltante à mão armada porque ia à catequese e foi
baptizado quando moço?!
6. Diz o Gustavo
Mavie que ninguém em Moçambique tem legitimidade para criticar os excessos, a
ostentação e a insensibilidade de Guebuza porque ele ficou 2 anos em Roma a
negociar os Acordos Gerais de Paz... À sério?! Aposto que também não temos
legitimidade de questionar a sua COMPETÊNCIA na direcção da Agência de
Informação de Moçambique porque já tem décadas e décadas de jornalismo, MESMO
MOSTRANDO E DEMONSTRANDO PENSAR COMO O MEU IRMÃO MAIS NOVO (yah, o meu irmão
mais novo tem 13 anos).
Demitam esse senhor.
Fonte: @Verdade –
25.01.2013
3 comentários:
Eh pa foi desalojado
De facto é necessário que nós proprios os moçambicanos, fiscalizemos os nosso dirigentes sejam eles da "geração de setembro" ou não. E ainda essa de transmitir em directo na TVM os banquetes da "maçaroca"! São coisas que merecem o nosso imediato repúdio e indignação. Njoloe
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