Após bombardeamentos da Força Aérea da França, tropas do Mali afirmaram ter recuperado território de milícias islâmicas que controlam o norte do país - inclusive a cidade de Konna. A intervenção francesa no conflito do Mali ocorre como uma reacção ao avanço militar das milícias islâmicas ocorrido nesta semana.
Na quinta-feira, os rebeldes haviam capturado Konna - a principal ligação entre o norte do país, controlado pelas milícias, e o sul, ainda nas mãos do governo.
O anúncio de que tropas francesas haviam se engajado no conflito no Mali foi feito pelo presidente da França, François Hollande, nesta sexta-feira. "(Tropas francesas) deram apoio nesta tarde para unidades malianas para combater elementos terroristas", disse Hollande.
As milícias tomaram o norte do país em abril e impuseram a lei islâmica em diversas cidades.
O mandatário francês acusou os rebeldes de serem ligados à rede extremista Al-Qaeda e de estarem a tentar converter o Mali "num Estado terrorista".
O governo francês afirmou que a intervenção no país está de acordo com a legislação internacional e teria sido acordada com o presidente maliano Dioncounda Traore. Um estado de emergência foi declarado no país por 10 dias. Traore fez um pronunciamento na rede de TV na sexta-feira conclamando os malianos a se unirem para "libertar cada polegada" do país.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Laurent Fabius, deu poucos detalhes sobre a acção militar, afirmando apenas que houve "uma operação aérea". Segundo analistas, a França teria apenas 100 militares no Mali. Porém, o país mantém grande concentração de tropas de uma força-tarefa aeromóvel numa base no Chade, com capacidade para chegar em poucas horas a diversos países da região.
Contra-ataque
Moradores de Mopti, uma cidade ao sul de Konna, afirmaram à BBC terem visto tropas francesas a ajudar os militares malianos a preparar uma ofensiva contra as milícias.
"Kona está sob nosso controle nesta tarde", afirmou o tenente-coronel malinês Diarra Kone. Ele disse porém, que ainda pode haver membros da milícia na cidade.
A Cedeao (Comunidade Econômica dos Países da África Ocidental) afirmou de autorizado o envio imediato de tropas ao Mali.
O Conselho de Segurança da ONU havia aprovado em dezembro o envio de 3.000 tropas de paz numa missão multilateral para retomar o norte do país. Porém, a intervenção militar estava programa para começar apenas em setembro.
Pelo menos sete cidadãos franceses estão a ser mantidos reféns no Mali. Fabius afirmou que a França fará "de tudo" para libertá-los.
Um porta-voz da al-Qaeda afirmou que a rede considera a operação francesa uma "cruzada intervencionista". Ele afirmou que "os franceses estão a cavar os túmulos dos seus filhos".
O Mali foi uma colônia francesa até 1960.
Fonte: Rádio Moçambique – 12.01.2012
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