Quelimane, Moçambique, 23 jan (Lusa) - A polícia de Quelimane, centro de Moçambique, lançou uma campanha de recolha de táxis-bicicleta, único transporte público urbano na cidade, ação descrita como "golpe político" pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força política no país), que gere o município.
A campanha policial, sem pré-aviso, foi lançada a 30 de dezembro, no mesmo dia em que o presidente do município, Manuel de Araújo, acabava de fazer uma "passeata" com os táxis-bicicleta para celebrar o primeiro aniversário da sua governação e reduzir a sinistralidade com ciclistas que "ignoram as regras" de trânsito.
"Estamos a desencadear a operação para disciplinar e não para acabar com a atividade dos táxis-bicicleta, pela sua necessidade. A partir das 18 horas recolhemos os táxis com deficiência nos sistemas de iluminação e freios e sensibilizamos os donos a sanarem o problema no dia seguinte", disse à agência Lusa Ernesto Serrote, porta-voz da polícia.
As estatísticas policiais indicam que, em 2011, foram registados 48 acidentes graves envolvendo táxis-biclicleta. Em 2012 o número cresceu para 56, o que, para a polícia, mostra a tendência cada vez maior dos operadores de táxis-bicicletas, sem instrução básica, em "obstruírem o trânsito" na cidade.
Entre 80 a 100 táxis-bicicletas são apreendidos diariamente na operação que envolve a polícia de trânsito e de proteção civil, indicou a fonte.
"Percebemos que o município não estava a fazer o seu trabalho, daí a nossa intervenção para reduzir a sinistralidade com os ciclistas. Alguns ciclistas vêm dos distritos do interior e ignoram completamente as regras de trânsito", disse Ernesto Serrote, para quem "a intervenção da polícia foi mal entendida".
Em declarações à Lusa, Manuel de Araújo disse que inicialmente a posição da polícia devia ser "pedagógica e não punitiva", tendo em conta a utilidade dos táxis-bicicleta no quotidiano dos citadinos e a dependência do rendimento dos operadores.
"Há 20 anos que não se realizam cursos de condução para ciclistas em Quelimane, por isso consideramos que a postura das autoridades não deve ser punitiva, mas sim pedagógica", precisou Manuel de Araújo, admitindo que "a passeata irritou alguma força política que ficou amedrontada com a adesão dos operadores".
Para o autarca de Quelimane, a iniciativa policial não se justifica, pelos avanços alcançados na colocação de sinais luminosos na urbe, o que tem disciplinado grandemente o cumprimento das regras de trânsito pelos utentes das vias, havendo, no seu entender, motivação política.
"Hoje entrou para o curso de condução o segundo grupo de ciclistas que operam táxis. Temos a limitação de 25 condutores por curso devido às condições da sala, mas estamos a negociar com outras escolas de condução para até junho termos todos condutores habilitados", disse Manuel de Araújo.
AYAC // MLL.
Fonte: Lusa – 23.01.2013
Sem comentários:
Enviar um comentário