A ocupação desordenada de espaços em zonas urbanas e suburbanas, um problema que conta com a conivência de titulares dos órgãos de governação, está na origem do agravamento da situação das inundações que ciclicamente afectam algumas cidades moçambicanas.
Segundo o membro do Comité Central da Frelimo, Teodato Hunguana, nos últimos anos nota-se que há parcelamentos e atribuição de terrenos pelas autoridades municipais em zonas de grande risco.
Hunguana deu o exemplo do Município da Matola onde se assiste a ocupação de zonas destinadas a evacuação das águas das chuvas, como é o caso da zona localizada entre o terminal de carga (FRIGO) e a empresa CMC, actualmente ocupada por uma série de armazéns, impedindo o escoamento rápido das águas.
Como consequência, segundo Hunguana, que falava hoje durante a cerimónia de entrega formal de um donativo para as vítimas das enxurradas na Matola, as águas das chuvas acumulam-se em zonas residenciais, inundando casas e outras propriedades.
Algumas destas zonas nunca antes sofreram os efeitos das enxurradas, porque as águas fluíam facilmente rumo ao mar.
Aliás, algumas pessoas que haviam sido retiradas da zona próxima da Portagem, ao longo da Estrada Nacional número Quatro (EN4), voltaram a ocupar os antigos espaços perante a passividade das autoridades competentes e, hoje, fazem parte de pessoas afectadas pelas enxurradas.
“Na Matola estamos a criar condições para o agravamento da situação das calamidades. Temos de chamar a responsabilidade de quem autoriza a construção em zonas impróprias. Isto é uma urbanização selvagem”, desabafou aquele quadro sénior do partido no poder e que é também residente nesta autarquia.
Visivelmente chocado com a situação das inundações, que todos anos afectam as mesmas zonas, Hunguana exortou os militantes no sentido de trabalharem para corrigirem o que estiver errado em prol do bem-estar das populações.
Em alguns casos, disse Hunguana, nota-se a falta de exercício da autoridade, porque a governação não está sendo efectiva ao ponto das pessoas desafiarem as ordens, construindo ou permanecendo em zonas impróprias.
“Temos de educar as populações para saírem das zonas de risco. Mas, sobretudo, deve-se fazer o uso do poder instituído para manter a disciplina e evitar que as pessoas estejam numa situação de risco”, disse Hunguana, que participou no evento na qualidade de convidado de honra.
Falando à imprensa, Hunguana reiterou o seu ponto de vista sobre a necessidade de as autoridades que tem por missão disciplinar a ocupação de espaços fazerem-no com responsabilidade.
Fonte: RM/AIM – 28.01.2013
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