O presidente interino do Parlamento da Guiné-Bissau, Serifo Nhamadjo, apontado para ser chefe de Estado de transição pelos militares, defendeu hoje que devem ser os guineenses a resolver a crise após o golpe de Estado.
"O problema da Guiné-Bissau tem que ser realmente resolvido pelos guineenses. Sinto-me triste por estarmos à espera que os outros nos venham resolver os nossos problemas, quando nós podíamos discutir internamente e resolver os problemas", disse Nhamadjo, em declarações aos jornalistas no Parlamento guineense.
Serifo Nhamadjo, a mais alta autoridade eleita atualmente da Guiné-Bissau já que o Presidente eleito morreu e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foi derrubado pelo golpe de Estado no dia 12 de abril último, defendeu que não compreende tanta polémica se o país já "viveu problemas terríveis".
"O que enfrentamos hoje é um problema muito sério. Mas já vivemos problemas terríveis neste país", observou Nhamadjo, dando o exemplo da crise vivida em 2009 quando no espaço de 24 horas foram assassinados o Presidente e o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.
"Repare que quando o Presidente 'Nino' Vieira foi assassinado, num domingo, já na segunda-feira havia vozes a obrigar-nos aqui na Assembleia Nacional Popular a tratar da tomada de posse do novo Presidente da República antes do enterro do Presidente defunto", lembrou o presidente interino do Parlamento guineense.
"Mas aí ninguém se levantou para criar problemas ou boicotar. Havia um Presidente eleito assassinado, um chefe do Estado-Maior assassinado, agora pergunto porque é que há ainda vozes que tendem a agudizar o problema na Guiné-Bissau e que querem a todo custo que haja uma guerra civil na Guiné-Bissau?", questionou Nhamadjo.
"Pergunto porquê. Quais são os interesses que estão debaixo destas intenções?", acrescentou, convidando os guineenses à reflexão sobre o que se passa no país.
"Os guineenses devem estar muito atentos e fazer uma análise muito realista de tudo isso. Porquê é que há todo esse alarido. Porque é que não se encontra uma solução a nível nacional?", frisou o político.
"Há muitos problemas na Guiné-Bissau, devido à nossa participação nos trabalhos da auscultação dos guineenses para a conferência nacional para a reconciliação, sabemos que há problemas recalcados. Os problemas da Guiné-Bissau não podem ser vistos apenas pela janela, devem ser vistos na sua amplitude geral", disse.
"Apelo aos guineenses para que nos juntemos à volta de uma mesa para discutirmos os nossos problemas, agora este impasse que se está a verificar não tem razão de ser, porque as leis são claras sobre as formas de resolver casos semelhantes", observou Serifo Nhamadjo, momentos antes de dar início aos trabalhos da comissão permanente do hemiciclo, para discutir a crise após o golpe de Estado.
Na segunda-feira, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) disse que não participaria neste encontro de partidos com assento parlamentar.
MB.
Lusa/Fim in Sapo - 09.05.2012
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