Os dois regimes da África Austral
em que os membros da oposição são perseguidos, violentados, detidos e até
mortos, e com altos níveis de corrupção, segundo vários relatórios
independentes, designadamente o “Afrobarómetro”, querem o candidato da Frelimo,
Filipe Nyusi, no poder.
A escala de Filipe Nyusi a países
onde os níveis de democracia deixam a desejar começou por Angola, no dia 16 de
Julho. Neste país, tal como em Moçambique, ser da oposição é motivo para ser
alvo de ataques e perseguições. Tal como Moçambique, a imprensa, especialmente
a imprensa pública, está totalmente controlada, e, tal como acontece aqui,
dedica-se a celebrar os dirigentes do partido no poder e a lançar ataques de
diabolização da oposição, que incluem invenção de notícias para manchar a
oposição.
Em Angola, Nyusi recebeu
garantias de apoio do secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino
Matrosse”. Este justificou o seu apoio à Frelimo e a Nyusi pelo facto de as
relações entre o MPLA e a Frelimo serem “antigas, boas, frutíferas e
excelentes”. “Dino Matrosse” diz que a experiência entre os dois partidos é
mútua.
No dia 27 de Julho, Filipe Nyusi
foi pedir conselhos e apoio a Robert Mugabe, outro que lidera um Governo de
terror para a oposição. Na ocasião, o presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe,
declarou publicamente o seu apoio à Frelimo e ao candidato presidencial do
partido no poder em Moçambique, esperando uma derrota pesada da oposição nas
eleições previstas para 15 de Outubro.
“Sabemos que o povo vai votar
naqueles que têm os seus interesses no coração. Moçambique é a Frelimo, não há
mais ninguém”, disse Mugabe aos jornalistas que acompanhavam um encontro do
presidente do Zimbabwe com Filipe Nyusi, na segunda-feira à noite, em Harare.
“Este é o nosso candidato, e
vamos apoiá-lo daqui”, declarou o chefe do Estado do Zimbabwe, acrescentando
que a oposição em Moçambique vai ter o mesmo resultado que o Movimento para a
Mudança Democrática, de Morgan Tsvangirai, que no ano passado perdeu as
eleições presidenciais zimbabweanas, com 34% dos votos, num acto eleitoral
denunciado pela União Europeia, EUA e Reino Unido.
“Vocês sabem o que aconteceu aqui
em Julho do ano passado. É o que vai acontecer em 15 de Outubro em Moçambique”,
vaticinou Mugabe. Em Julho do ano passado, o Zimbabwe organizou eleições que
não foram bem vistas pela comunidade internacional. Aliás, vários observadores
de países com tradição democrática não foram credenciados. Mugabe escolheu a
dedo os países que deviam “observar“ as eleições. E a “sorte“ coube para países
como a China, Rússia, Irão e outros países mal-afamados em matéria de democracia,
eleições e transparência. (Redacção)
Fonte: Canalmoz – 01.08.2014
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