quinta-feira, novembro 14, 2013

“Acordo de Roma há-de ter imperfeições próprias do Homem”

Dom Dinis Sengulane diz que está desapontado com a ruptura no diálogo entre a Renamo e o Governo. Defende que a arma não é o caminho e lembra que a guerra custa caro. Para o clérigo, a solução passa pelas conversações

Como é que olha para o ac­tual momento que o país vive? O que falhou para o iminente regresso à guerra?

A resposta está nas nossas mãos, porque a paz é urgente, é necessária e é possível. Devemos ser macham­beiros da paz continuamente e isso falhou; sabermos que a paz é algo precioso com a qual nos devemos preocupar; reconhecermos que to­dos fomos imperfeitos e que é pos­sível agora termos a paz. É possível, hoje, os nossos dois dirigentes en­contrarem-se e chegarem a acordo sobre como restaurar aos moçambi­canos o sorriso e a esperança que a paz sempre traz.

Foi indicado pelo Presidente da República para marcar um encon­tro entre ele e o líder da Renamo. O que impediu essa reunião?

O que sabemos é que o Presiden­te da República e o líder da Rena­mo vão encontrar-se para falarem de duas questões: a primeira é se­gurança - o que significa que ne­nhum moçambicano deve perder a vida por causa dos desentendimen­tos políticos; a outra questão é o pa­cote eleitoral. A pergunta que faço é: será que a paridade é algo que deve ser defendida com armas? Os dois líderes devem encontrar-se e já há especialistas escolhidos para prepararem a agenda de modo a que do encontro resultem boas conclusões.

Quais são os pecados do Acordo Geral de Paz?

O Acordo Geral de Paz é um acordo entre seres humanos, há-de ter imperfeições próprias de seres humanos. Não foi concebido por demónios, pois teria de estar com­pletamente errado, mas também não foi concebido por anjos, teria de estar completamente perfeito. Já foi provado que é uma plataforma a partir da qual os moçambicanos continuarão o seu processo de re­conciliação. Agora não é só entre a Renamo e o Governo, mas faz parte da nossa legislação. Então, é bom que conheçamos o Acordo Geral de Paz e, se acharmos que há algum aspecto que está imperfeito, vamos aperfeiçoá-lo.


Fonte: O País online - 14.11.2013

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