Como era esperado, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anulou a eleição para
os membros da Assembleia Municipal de Nampula, mas por uma razão não esperada.
A
eleição para edil de Nampula, como é sabido, foi já anulada no mesmo dia da
votação, pelo facto de uma candidata não constar dos boletins de voto. Na noite
do dia da votação, a CNE decidiu que a eleição a edil devia ser anulada, mas a
eleição dos membros da Assembleia Municipal era válida mas os boletins de votos
deviam ser mantidos sem ser contados para que a contagem decorresse em
simultâneo com a da eleição do edil, ora marcada para o dia 01 de Dezembro.
A CNE
instruiu a Comissão Provincial de Eleições (CPE) de Nampula para conservar com
segurança as urnas, contendo os boletins de voto dos membros da assembleia
municipal. Em qualquer movimentação das urnas, deviam ser acompanhados pelos
representantes dos partidos políticos. Mas isto não foi observado. As urnas dos
boletins de votos foram transportadas para um armazém sem supervisão externa e
os partidos políticos foram apenas apresentados as urnas e receberam cópias das
chaves do armazém um dia depois deles terem sido armazenados no local. Assim,
não há garantias de que os boletins de votos não foram alterados.
Num
encontro realizado na noite de sábado, a CNE não teve outra alternativa senão
cancelar igualmente a eleição dos membros da Assembleia Municipal e remarcar a
eleição para outro dia. A nova data de eleição deverá ser anunciada pelo
Conselho de Ministros na próxima terça-feira, mas pela lei devia ser no próximo
domingo, 01 de Dezembro.
Entretanto,
os boletins para a eleição da Assembleia Municipal continham igualmente um
erro, pelo que era assumido que a CNE devia anular a eleição. Porém, a CNE
considerou em primeiro lugar a questão da segurança das urnas e decidiu em
função disto.
Esta é
pelo menos a segundo vez em que uma Comissão Provincial de Eleições falha no
cumprimento da instrução da CNE. A CPE de Sofala falhou no cumprimento da
instrução da CNE no sentido de emitir credenciais na Beira, para o maior grupo
de observadores eleitorais independentes de Moçambique, o Observatório Eleitoral.
Fonte: Boletim sobre o processo político em Moçambique Número EA 53 – 24 de Novembro de 2013
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