A direcção da
Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) reprovou todos os
estudantes do 6º ano do curso de medicina que estavam em estágio e que aderiram
à greve dos médicos que teve lugar no início de Janeio.
A paralisação foi convocada pela Associação Médica de
Moçambique e de âmbito nacional em reivindicação do aumento salarial e melhoria
das condições de trabalho, condicionando, durante os nove dias que durou, o
funcionamento dos hospitais e centros de saúde.
Numa nota comunicativa, a Faculdade de Medicina da UEM
refere que todos os estudantes do 6º ano que comprovadamente faltaram às suas
obrigações académicas consideram-se reprovados no seguimento do Estágio Médico
Integrado em que se encontravam, quando eclodiu a greve.
Este grupo, segundo as normas académicas vigentes naquele
estabelecimento de ensino, cujas cláusulas se desconhecem, será obrigado a
repetir o estágio.
Para os finalistas e estagiários que não aderiram à
greve, a Faculdade de Medicina refere que vai lhes atribuiu certificados de
reconhecimento pela “abnegação” e sacrifício nas suas obrigações académicas.
Entretanto, a Associação Médica de Moçambique manifesta o
seu descontentamento em relação a esta medida tomada pela direcção da Faculdade
de Medicina. Mesmo reconhecendo que a decisão nada tem a ver com o MISAU, a
organização lembra que terá assinado um memorando de entendimento com o pelouro
da Saúde em que este se comprometia a orientar todas as instituições do sistema
a não tomarem medidas administrativas contra os grevistas.
Paulo Samo Gudo, porta-voz da Associação Médica de
Moçambique, disse ser necessário primeiro que se olhe para o regulamento
pedagógico da Faculdade de Medicina para se ver com quantos dias ou horas de
faltas o estudante é considerado reprovado e comparar com o período em que
durou a greve para se determinar.
A fonte refere também que não há nenhum mecanismo que
controla a presença ou assiduidade do estudante no estágio. Questionou como é
que a instituição vai comprovar que estes estudantes faltaram ao estágio.
Em relação ao número de estudantes abrangidos pela
medida, Samo Gudo referiu que o 6º ano é composto por 133 estudantes e destes,
apenas dois não aderiram à greve e outros, embora se tenham envolvido na
paralisação, trabalharam porque estavam afectos às urgências e unidades de
cuidados intensivos.
“Todos os 133 estudantes terminaram no domingo o Estágio
Médico Integrado e deviam passar a médicos generalistas, mas, com esta
medida, só dois é que vão transitar para esse nível”, disse,
salientando que, neste momento, a AMM está a envidar esforços no sentido de
fazer passar o seu descontentamento em relação à medida.
A decisão de chumbar os estudantes do 6º ano e
estagiários da Faculdade de Medicina foi tomada na terça-feira passada e
comunicada aos visados no dia seguinte, quarta-feira desta semana
Fonte: Diário de Mocambique - 02.02.2013
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